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No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

sexta-feira, 23 de março de 2012

PSTU participa de ato contra a homofobia em Salvador

Raíza Rocha, de Salvador (BA)

Na tarde deste dia 21 de março, lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e simpatizantes da luta LGBT tomaram as ruas do centro de Salvador para exigir do Governo Dilma a criminalização da homofobia. A manifestação foi convocada pelo Fórum Baiano LGBT após o mais recente caso de violência homofóbica contra dois jovens homossexuais na capital baiana. No início deste mês, um casal gay foi brutalmente espancado na Estação de ônibus Pirajá por seis homens armados com faca e pedaços de madeira.

Os manifestantes seguiram em passeata da Praça da Piedade a Praça Municipal, onde se localiza a prefeitura de Salvador e a Câmara de Vereadores. Durante todo o percurso, carregaram cruzes para simbolizar as vítimas de crimes de ódio que, só em 2011, somaram 277 assassinatos contra homossexuais no Brasil segundo pesquisa do Grupo Gay da Bahia (GGB). Nos últimos 5 anos, esse tipo de crime aumentou 113% no país. O estado baiano lidera, pelo sexto ano consecutivo o triste ranking dos assassinatos de homossexuais, com o índice de 10,66% do total de casos do Brasil.

“Apesar do aumento significativo do número de assassinatos e casos de violência contra homossexuais em todo o país, Dilma segue rifando as reivindicações dos setores mais oprimidos em troca do apoio da bancada evangélica. Não é a toa que o PLC que criminaliza a homofobia permanece engavetado no seu governo, o Kit anti-homofobia foi vetado e o debate da legalização do aborto segue como um tabu”, afirma o professor e militante LGBT e do PSTU, Carlos Nascimento.



O ato foi encerrado com um beijaço contra a homofobia proposto pela ANEL. O PSTU esteve presente na manifestação e criticou o veto de Dilma ao Kit “Escola sem homofobia” e as suas alianças espúrias com a bancada evangélica e grupos católicos no Congresso Nacional, que tem custado a não aprovação do PLC 122/6 de criminalização à homofobia.


  • Casal homossexual é espancado em Salvador
     




  • quarta-feira, 14 de março de 2012

    Casal homossexual é espancado em Salvador

    Bahia lidera, pelo sexto ano consecutivo, o ‘ranking’ nacional dos assassinatos de homossexuais

    Por Raíza Rocha, de Salvador (BA)

    Jovem recebe dez pontos na cabeça
    No último sábado, 10 de março, dois jovens homossexuais foram brutalmente espancados por seis homens na Estação de ônibus Pirajá, em Salvador.  O motivo do crime? Os dois garotos são homossexuais e, ao descer do ônibus, trocaram gestos de carinho, como qualquer casal de namorados. Quando um dos rapazes encostou a cabeça no ombro do seu namorado, seis homens apareceram e partiram pra cima do casal com pedaços de madeiras e facas.  Os jovens tentaram escapar, mas foram cercados e golpeados. Ao cair, uma das vítimas foi atingida na cabeça, o que lhe rendeu cerca de 10 pontos no local do ferimento. Durante a agressão, os criminosos chamavam os jovens de “viadinhos” e “bichas”. 

    Infelizmente, a homofobia não parou por ai. Só depois de passarem por três delegacias, nos bairros de Cajazeiras, Pau da Lima e São Caetano, os jovens conseguiram registrar queixa. Em cajazeiras, os policiais se recusaram a fazer o Boletim de Ocorrência porque a “impressora estava quebrada”. Já no Bairro de Pau da Lima, a queixa não teria sido oficializada porque o local do crime (Estação Pirajá) “não era a área de cobertura da delegacia”. Somente, dois dias após a agressão, na noite de segunda-feira, o casal de homossexuais conseguiu realizar o B.O. na 11ª Delegacia de Polícia, localizada no bairro de Tancredo Neves. O crime foi registrado como “lesão corporal”, uma vez que homofobia ainda não é crime no Brasil.

    Em repúdio à agressão homofóbica sofrida pelos dois jovens recentemente, o Grupo Gay da Bahia (GGB) convocou um ato, na praça da Piedade, para o dia 21 de março. Durante a manifestação, cruzes irão simbolizar o assassinato de homossexuais que ocorrem sistematicamente no estado. O PSTU estará presente com a bandeira da criminalização da homofobia já!

    Bahia, a terra da homofobia.

    Este foi mais um crime de ódio, motivado unicamente pelo preconceito, entre tantos outros que fazem da Bahia um dos estados mais homofóbicos do país. Segundo pesquisas do GGB, o estado ocupa, pelo sexto ano consecutivo, o primeiro lugar no ‘ranking’ dos assassinatos de homossexuais. Só nos primeiros 20 dias deste ano, seis homossexuais foram assassinados. Quatro foram em Salvador e os outros dois, no interior baiano. Na capital, foram assassinados duas lésbicas, um travesti e um gay. Nestes três primeiros meses de 2012, os números já chegam a 11 mortes violentas contra homossexuais.

    O assassinato de lésbicas, gays, travestis e transexuais não é nenhuma novidade na Bahia e nem no Brasil. De acordo com o GGB, no país, um homossexual é morto a cada 36 horas e esse tipo de crime aumentou 113% nos últimos cinco anos.

    Diversos casos ganharam repercussão na mídia, mas nenhuma medida concreta foi tomada por parte dos governos. Pelo contrário, a exemplo do governo Dilma, políticas que poderiam combater a homofobia foram engavetadas em nome da aliança com os setores mais conservadores da sociedade, como a bancada fundamentalista cristão do congresso.

    Enquanto os números de assassinatos contra homossexuais só aumentam, Dilma trocou o kit “Escola sem Homofobia” (kit anti-homofobia) por votos da bancada evangélica e grupos católicos no Congresso Nacional numa tentativa de salvar a cabeça de Palocci, denunciado por corrupção. Além disso, em nome desta aliança, o projeto de lei que criminaliza a homofobia, o PLC 122/6, permanece engavetado desde 2006.

    Basta de homofobia e mortes!

    A impunidade é ainda o maior incentivo aos crimes homofóbicos. A aprovação imediata do projeto de lei que criminaliza a homofobia, na sua versão original, portanto, é fundamental para reduzir os índices de violência contra homossexuais. Infelizmente, Dilma já demonstrou que não pretende abrir mão dos seus aliados para combater a homofobia. A aprovação do PL só será possível com a intensificação das lutas do movimento LGBT junto à classe trabalhadora.

    quinta-feira, 8 de março de 2012

    O programa nuclear iraniano e a relação Israel-Estados Unidos no debate das eleições americanas.

    Por Antônio F. de Brito, de Salvador

    Obama se reúne na Casa Branca com o primeiro-ministro israelense

    Nós últimos dias, o debate sobre a posição do imperialismo frente ao programa nuclear iraniano tem esquentado. Declarações foram feitas pelos governos de Israel e dos Estados Unidos, respostas foram dadas pelos iranianos, e o tema entrou na disputa das primárias do Partido Republicano nas eleições para presidência americana. É necessário buscar compreender esta disputa que está por trás dos últimos acontecimentos.

    A polêmica entre Obama e Netanyahu: um acordo estratégico e divergências táticas
    Em muitos meios de comunicação está sendo veiculada uma espécie de disputa entre o presidente americano, Barack Obama, e o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu. De fato, apesar de coincidirem estrategicamente, os dois governos divergem no momento sobre a tática para lidar com a situação no Irã.

    Israel é a principal potência militar e a única potência nuclear do Oriente Médio. Como se trata de um estado criado artificialmente através da expulsão de milhões de palestinos de suas terras, Israel necessita manter a sua hegemonia militar intacta. Qualquer desequilíbrio de forças na região pode significar uma ameaça às intenções do estado israelense de consolidação e ampliação de seu território. 

    O atual governo, do partido direitista Likud, tem tido uma política consciente de ampliar e fortalecer os assentamentos judeus em território Palestino como parte deste plano estratégico de ocupação e expulsão. Os Estados Unidos têm em Israel seu principal aliado no Oriente Médio, um posto avançado para os interesses americanos na principal região produtora de petróleo do mundo. Assim, tanto para Israel, como para os Estados Unidos, o programa nuclear iraniano representa uma ameaça real aos seus interesses.

    No entanto, os dois governos divergem na política imediata para resolver a crise com o Irã. Desde 2008, o presidente americano implementa uma dupla política para o Irã: de um lado a pressão econômica e diplomática e do outro uma série de operações secretas de sabotagem. Com a pressão diplomática, Obama tentou reverter a situação que encontrou no início do mandato em que não existia um consenso consolidado dentre os países imperialistas e seus aliados quanto à questão do Irã. Com uma forte campanha diplomática o governo americano ganhou tempo para compor um arco maior de pressão sobre o Irã que resultou em sanções econômicas cada vez mais duras contra o país. Por outro lado, uma série de operações secretas articuladas entre o serviço de inteligência americano (CIA) e o israelense (Mossad) deflagraram uma série de ataques e sabotagens contra o programa iraniano. A lista de ações vai de venda ilegal de material falho para usinas iranianas, infecção dos computadores do país com vírus, até o assassinato sistemático de cientistas do Irã.

    A posição do governo israelense é mais radical. Netanyahu e representantes do governo cobram dos americanos uma ação militar imediata. Israel, nos últimos anos, ampliou suas políticas militaristas contra os palestinos e outro países da região (à exemplo do ataque à Gaza em 2008, à flotilha de solidariedade em 2010 e a invasão no Líbano em 2006) e as medidas repressivas contra os árabes que vivem em território israelense. Seguindo a linha de nenhuma tolerância a qualquer fato que ameace seu poder, o governo Netanyahu defende abertamente uma operação militar contra o Irã. Até o momento, o governo israelense espera o sinal verde dos americanos para a ação, mas não está descartada uma ação “independente” em médio prazo.

    Para o governo Obama não é tão simples abrir uma nova frente de batalha no Oriente Médio. Com uma eleição para disputar este ano, o presidente americano precisa ter cautela ao avaliar os impactos de uma nova guerra. Uma guerra de invasão e ocupação neste momento precisa ser evitada. Obama ainda administra a saída do Iraque e a ocupação no Afeganistão, depois de 10 anos de muito desgaste que custaram aos EUA cerca de US$ 4 trilhões e a vida de 7 mil soldados. Além disso, ataques realizados pela Força Aérea não resolveriam simplesmente a questão. O Irã é o terceiro exportador mundial de petróleo e tem a terceira maior reserva do mundo. Um desequilíbrio na produção e suprimento aos países imperialistas num momento de grave crise econômica pode ser decisivo nos planos de Obama para o período eleitoral e a tentativa de recuperação da economia do país. O ataque também poderia servir para fortalecer internamente o governo de Mahmoud Ahmadinejad, questionado por manifestações nos últimos anos e que acaba de perder base de apoio na recente eleição do país.

    Do mesmo modo, num momento em que as tropas são retiradas do Iraque e em que há um visível enfraquecimento do Talibã e da Al-qaeda, a agressão ao Irã poderia ampliar as ações de massas contra os EUA e seus aliados na região, bem como fortalecer grupos políticos como Hamas e Hizbollah, que ainda têm fortes atritos com Israel. Todas estas considerações mantêm neste momento os EUA fora da perspectiva imediata de uma agressão militar ao Irã.

    O programa nuclear iraniano nas eleições americanas
     Como não podia deixar de ser, a questão do Irã tomou parte importante do debate das eleições americanas tanto nas primárias republicanas como na agenda do presidente em campanha. Os pré-candidatos republicanos aproveitaram a situação para capitalizar politicamente a divergência entre Obama e Netanyahu. Mitt Romney, que lidera as primárias republicanas até agora falou em seu discurso, em Atlanta, que “o presidente falhou em impor sanções eficazes contra o Irã e falhou ao não deixar claro que é inaceitável para a América que o Irã tenha armas nucleares”. O pré-candidato foi categórico ao dizer que “se Barack Obama for reeleito, o Irã terá armas nucleares”. Já o seu rival na corrida republicana, Rick Santorum, acusou Obama de virar as costas a Israel e afirmou: “precisamos fazer mais do que apenas falar”. Newt Gingrich foi além ao afirmar que apoiaria o direito à sobrevivência de Israel “se um primeiro-ministro israelense decide que deve evitar um segundo holocausto através de medidas preventivas”.

    Enquanto isto, nesta terça, Barack Obama se reunia com o presidente israelense Shimon Peres e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu na conferência do Comitê Americano-Israelense de Assuntos Públicos (AIPAC), onde estiveram presentes mais de 13 mil delegados e para onde se voltaram os olhos de toda a comunidade internacional.

    O AIPAC é a principal organização de lobby pró-israelense dos Estados Unidos. Em seus discursos na conferência, após celebrar as relações entre ambos os países, tanto Netanyahu quanto Peres pressionaram Obama a uma posição pública mais decidida sobre o tema. O presidente sionista exigiu: “Presidente Obama, deixe claro que os EUA não vão permitir que o Irã se torne uma potência nuclear (...) e que todas as opções [de intervenção] estão na mesa”. Já o primeiro ministro israelense fez um discurso pelo tom raivoso, desafiante e pelo contorcionismo histórico de seu conteúdo, típico da tradição sionista. Segurando cartas do tempo da Segunda Guerra Mundial, Netanyahu comparou os iranianos com os nazistas, e relatou o episódio em que o Departamento da Guerra americano se recusou a bombardear o campo de concentração de Auschwitz sob o argumento de que poderia levar à mais ações vingativas, numa clara alusão ao impasse atual com o Irã.

    Em seu discurso diante dos lobistas sionistas, Barack Obama fez questão de deixar clara sua posição de aliado incondicional de Israel e dos objetivos políticos estratégicos que ambos os países têm em comum, e também respondeu aos pré-candidatos republicanos. Em seu pronunciamento, mesmo afirmando a necessidade de continuar a pressão diplomática e econômica, Obama disse que não deixa “nenhuma opção fora da mesa” e que “não duvidará em usar a força para defender os Estados Unidos e seus interesses”. E aproveitou para rebater os republicanos: “se fala demais em guerra e durante as últimas semanas e estas falas só beneficiaram o governo iraniano (...) quando se trata da segurança de Israel e dos EUA não é o momento para bravatas, é o momento de deixar fazer efeito a pressão e manter a coalizão internacional que construímos”.  

    Juntamente com o discurso na AIPAC, o anúncio de que as conversações seriam retomadas entre o Irã, a Agência Internacional para Energia Atômica e um grupo formado por EUA, Inglaterra, Alemanha, Rússia, China e França, ajudam a respaldar a política americana. Pelo menos por enquanto, Obama ganha tempo para recompor sua posição no debate sobre Israel dentro da disputa pela Casa Branca.

    Os judeus são cerca de 2% da população americana e o maior grupo de pressão sobre a política americana. Mas o debate sobre Israel não só transborda, e em muito, a comunidade judaica americana, como a afeta sob diferentes perspectivas. É fato notório que a linha-dura do governo israelense se inclina por um candidato republicano, partido que é visto como o mais alinhado à atual política do governo israelense. Os grupos lobistas pró-israel, onde se agrupa a burguesia judaica e de onde saem volumosas quantias de dinheiro para as campanhas, também têm uma ligação histórica com uma parcela importante da direita religiosa nos EUA, em especial os grupos evangélicos fundamentalistas,  tradicional base de apoio dos republicanos. Contraditoriamente, quase 75% da população de origem judaica nos EUA votou nos democratas nas últimas duas eleições. Segundo pesquisa do American Jewish Committee, os judeus americanos também são o grupo étnico menos religioso e que tem posições mais liberais sobre temas polêmicos como aborto, casamento gay e relação entre igreja e estado.

    Assim, seja qual for o cenário, o debate em torno da questão israelense será mais uma vez parte importante das eleições americanas. O desenrolar da crise iraniana vai ser o grande fato político neste campo. O resultado das primárias republicanas, o desenvolvimento da crise econômica, e como chegará Obama até o período eleitoral são fatores que vão pesar nesta disputa.

    domingo, 4 de março de 2012

    Em defesa do QUILOMBO RIO DOS MACACOS! Dilma, evite mais um massacre do povo negro!!

    Nos últimos meses, presenciamos o aumento da criminalização dos movimentos sociais no Brasil. Foi assim no Pinheirinho em São Jose dos Campos e em muitas outras ocupações urbanas. Milhares de famílias estão sendo expulsas de suas casas de maneira brutal, em nome dos interesses do mercado imobiliário. Esta ofensiva ameaça também as comunidades quilombolas.

    O estado, o agronegócio e os grandes proprietários de terras buscam, por todos os meios, impedir a demarcação de terras quilombolas. A bancada ruralista e os seus aliados no congresso nacional elaboraram um projeto de emenda à constituição que significa um profundo ataque aos interes dos quilombolas no Brasil. O objetivo é que poder o legislativo seja o responsável pela regularização e titulação das comunidades, que hoje está a cargo da Fundação Palmares e do INCRA. Se esse projeto for aprovado estaremos frente a um grande retrocesso nos direitos do povo negro e quilombola.

    Enquanto isso, diariamente, dezenas de comunidades vem sendo atacadas e intimidadas pelo Estado e pelos grandes proprietários. Em Simões Filho, cidade localizada na Região Metropolitana de Salvador, se encontra o Quilombo Rio Dos Macacos, um território remanescente de quilombos, onde vivem cerca de 50 famílias. A Marinha do Brasil entrou na justiça solicitando a reintegração de posse da área, ou seja, a expulsão e destruição dessa comunidade histórica. A Marinha entrou na justiça porque pretende expandir um condomínio para os seus oficiais no território.

    Segundo a socióloga e militante do Movimento Negro, Vilma Reis “O artigo 68 da constituição de 1988 e o Decreto 4887/2003 garante o direito de ocupação secular da comunidade. Rio dos Macacos está naquele Território há mais de 238 anos e não pode ser derrotado, por um crime de uma instituição que, ao contrario, deve garantir e fazer valer as Leis do país (...) Todo o mundo precisa saber, para impedir uma tragédia hoje em Salvador, aos nossos olhos”.

    A Marinha tem protagonizado uma série de violações, como a invasão de domicílios, atentado às mulheres, militarização da área e impedimento das atividades econômicas tradicionais como agricultura e pesca de subsistência das 50 famílias. Em uma declaração, a comunidade denuncia que, “As violações aos diretos humanos continuam fazendo parte do cotidiano dentro do quilombo. Nós - @s quilombolas - continuamos impedid@s de plantar e pescar, de ter acesso à energia elétrica, à água potável e ao saneamento básico. Continuamos sendo intimidados e violentados, além de termos sérias limitações ao nosso direito de ir e vir, o que gera uma situação de instabilidade, insegurança e temor na comunidade; a maioria de noss@s filh@s são analfabet@s porque a entrada e saída da comunidade é continuamente inviabilizadas”.

    A reintegração de posse estava marcada para domingo, 04 de março, mas foi suspensa temporariamente. O governo federal, no dia 27, deu o prazo de 5 meses para os quilombolas saírem de seus lares "de forma pacífica". Mas o clima segue tenso, pois a política de intimidação é forte. Caminhões da Marinha não param de chegar no local. O cerco ao quilombo não para de crescer. Também se encontram na área, agentes da Polícia de Choque, tratores e policiais da base militar da Marinha.

    Hoje ocorreu uma mobilização em solidariedade ao Quilombo, estiveram presentes cerca de 100 pessoas, entre estudantes, organizações sociais e populares e partidos de esquerda. O PSTU esteve presente expressando seu apoio irrestrito à comunidade e contra a desocupação, reivindicando o direito histórico do povo negro àquele território.

    Infelizmente, o governo Dilma não tem feito nada pelas comunidades quilombolas. Um relatório publicado pela Comissão Pró-Índio de São Paulo constatou que apenas uma única terra quilombola foi titulada durante o ano 2011. Segundo o relatório “o primeiro ano do governo Dilma não trouxe mudanças significativas na política de regularização das terras quilombolas”. A presidenta não demonstrou nenhuma vontade política para atender as reivindicações do Quilombo Rio dos Macacos. Sua política é de completo respaldo à Marinha. A trégua de 5 meses não garante a permanência das 50 famílias. A qualquer momento, como aconteceu no Pinheirinho, podemos presenciar mais um massacre ao povo negro em nosso país.

    Não podemos permitir mais um banho de sangue! É necessário fortalecer a solidariedade dos sindicatos, entidades estudantis e movimentos populares ao Quilombo Rio dos Macacos. Não podemos depositar nenhuma confiança na justiça. O único caminho é mobilização e a luta. Como afirma a declaração dos quilombolas “nossa dignidade não se negocia, nosso quilombo também não. Os nossos antepassados nos veriam como traidores se negociássemos nossas terras. Continuaremos em luta pois esta se configura como mais uma batalha no enfrentamento ao processo de genocídio a qual é historicamente submetido o povo negro neste país. FRENTE AO GENOCÌDIO DO POVO NEGRO, NENHUM PASSO ATRÁS”. O PSTU defende a posse e o direito de propriedade coletiva dessas terras por parte dos negros e negras descendentes dos quilombolas que ocupam territórios como o Quilombo Rio dos Macacos.

    sexta-feira, 2 de março de 2012

    Campanha “Somos Quilombo Rio dos Macacos”

    Nós, comunidade e organizações de movimento social em defesa da permanência do Quilombo Rio dos Macacos trazemos aqui ao público o nosso entendimento sobre a reunião realizada no dia 27 de fevereiro de 2012 com a Secretaria Geral da Presidência da República, representada por Diogo Santana.

    Foi afirmado, na referida reunião, pelo Governo Federal que o Quilombo do Rio do Macaco não seria expulso do seu território. No entanto, na prática a União Federal, através da Advocacia Geral da União, contrariando o que se comprometeu com o Quilombo Rio do Macaco, se limitou a fazer um pedido nas ações judiciais que move contra a comunidade de adiamento da expulsão do Quilombo por mais cinco meses. Segundo a União esse seria o prazo necessário para garantir uma retirada pacífica dos quilombolas. Por isso, reafirmamos que o Quilombo Rio do Macaco e seus apoiadores continuam lutando para garantir o direito de permanência da mesma em suas terras, pois querem continuar em seu território tradicional e não vão sair pacificamente. É necessário nos manter em estado de alerta, articulad@s para que o caso não caia no esquecimento e os poderes instituídos se sintam a vontade para tomar as terras do quilombo sem resistência organizada. Afirmamos aqui que não aceitaremos  as tais “condições para uma saída pacífica da comunidade" através de crédito fundiário para aquisição de outra área ou qualquer que seja a alternativa. Nenhum direito à menos!!! O Quilombo é nosso antes da Marinha do Brasil chegar a aquelas terras.

    O apoio dado pela Fundação Cultural Palmares e pelo Incra ainda é insuficiente. Embora a Fundação Palmares tenha certificado a comunidade como quilombola e o INCRA tenha iniciado o procedimento de regularização, ambos ainda não interviram no processo judicial em defesa do quilombo, o que é fundamental para garantir a posse da comunidade sobre seu território. Consideramos lamentável a postura do Governo Federal, da Presidenta, em particular, que como comandante-chefe das Forças Armadas teria poder para averiguar as violações aos direitos humanos por parte da Marinha e os contínuos abusos e ameaças sofridos pelos quilombolas daquela comunidade, e, principalmente, desistir das ações judiciais que visam a retirada forçada do quilombo de nossas terras. 

    Nesta reunião realizada dentro da comunidade no ultimo dia 27 de fevereiro, representantes do governo federal, parlamentares, imprensa e movimentos sociais puderam ver com seus próprios olhos as condições as quais os moradores do Quilombo Rio dos Macacos,  estão sendo submetidos todos os dias. As pessoas foram listadas e fotografadas na entrada, e a imprensa foi impedida de entrar pelo posto da Marinha sendo desta forma obrigada a contornar toda área do quilombo e pular a cerca para acompanhar a reunião.

    As violações aos diretos humanos continuam fazendo parte do cotidiano dentro do quilombo.  Nós - @s quilombolas -  continuamos impedid@s de plantar e pescar, de ter acesso à energia elétrica, à água potável e ao saneamento básico. Continuamos sendo intimidados e violentados, além de termos sérias limitações ao nosso direito de ir e vir, o que gera uma situação de instabilidade, insegurança e temor na comunidade; a maioria de noss@s filh@s são analfabet@s porque a entrada e saída da comunidade é continuamente inviabilizada.

    Apontamos ainda a necessidade de imediata instauração de uma Câmara de Negociação (prevista no decreto 4887/2003), a qual deve ser responsável por conciliar os diversos interesses envolvidos, garantindo necessariamente a permanência de toda a comunidade em nosso território tradicional.

    Diante da situação grave de insegurança alimentar - já que há muito não podemos plantar nem pescar na região, como faziam nossos antepassados -  a Campanha Somos Quilombo Rio dos Macacos está organizando uma coleta de alimentos para doação no Quilombo Cecília (Rua do Passo/Pelourinho),  e no CEPAIA, sábado, dia 3/03, às 14h, no debate com as comunidades quilombolas de Marambaia (RJ), Alcântara (MA) e Quilombo Família Silva (RS). No dia 04 de março será realizado um ato na comunidade para a entrega dos alimentos arrecadados. A concentração do ato está marcada para as 09 horas no posto Inema, onde continuaremos a arrecadação e entregaremos alimentos. 

    Por último, queremos reafirmar que dignidade não se negocia,  nosso quilombo também não.  Os nossos antepassados nos veriam como traidores se  negociássemos nossas terras. Continuaremos em luta pois esta se configura como mais uma batalha no enfrentamento ao processo de genocídio a qual é historicamente submetido o povo negro neste país. FRENTE AO GENOCÌDIO DO POVO NEGRO, NENHUM PASSO ATRÁS!!!

    Fonte: Comunidade do Quilombo Rio dos Macacos
    Campanha Somos Quilombo Rio dos Macacos


    Veja vídeo que fala um pouco da história e da atual situação do Quilombo. 

    quinta-feira, 1 de março de 2012

    Mulheres camponesas ocupam fazenda da Suzano Papel e Celulose no Sul da Bahia

    (Foto: MST-BA)
     Mais de 1.100 mulheres camponesas de acampamentos e assentamentos do MST no Sul da Bahia ocuparam a fazenda Esperança, localizada no município de Alcobaça, de propriedade da empresa paulista Suzano Papel Celulose, na manhã desta quinta-feira (1/3).

    A ocupação, que faz parte da jornada de lutas das mulheres camponesas, organizada pela Via Campesina Brasil em torno do dia internacional de luta das mulheres, o 8 de março, cobra do Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária (Incra) agilidade nos processos de desapropriação dos latifúndios das grandes áreas do monocultivo de eucalipto.

    O Grupo Suzano, que atua em diversos segmentos econômicos, controla 771 mil hectares, dos quais 326 mil de monocultura de eucalipto, concentrados na Bahia, no Espírito Santo, em São Paulo, em Minas Gerais, no Maranhão, no Tocantins e no Piauí.

    Esse modelo de produção amplia o desmatamento da Mata Atlântica, descumprindo as determinações do Código Florestal vigente, que obriga a preservação da Reserva Legal e das Áreas de Preservação Permanente, as APPs.

    Dessa forma, as 23 mil famílias Sem Terra acampadas na Bahia poderiam ser assentadas, uma vez que as papeleiras não cumprem a função social da terra, como determina a Constituição.

    Além disso, as mulheres camponesas denunciam que o Estado brasileiro prioriza o modelo do agronegócio, fazendo por meio de bancos públicos repasses para as empresas privadas do eucalipto e exigem investimentos do governo estadual e federal nos assentamentos da região.

    Com essa ocupação, as mulheres denunciam com a ação o descaso social e ambiental que as empresas monocultoras de eucalipto praticam na região, aumentando a pobreza e desigualdade social com a expulsão das famílias do campo.

    O êxodo rural provoca o inchaço dos grandes centros urbanos, onde a população não tem os direitos sociais garantidos e são vítimas do aumento da violência. A região Sul da Bahia é considerada uma das mais violentas do país.

    Essa é a 2ª ocupação de mulheres trabalhadoras rurais em uma área de eucalipto na região Extremo Sul da Bahia. A primeira aconteceu no dia 28 de março de 2011, no município de Eunápolis, na fazenda Nova América, de propriedade da Veracel.

    A Veracel é um oligopólio transnacional criado com a parceria de duas empresas líderes no setor de celulose e papel, a brasileira Fibria e a sueco-finlandesa Stora Enso.

    A empresa controla 119.000 hectares de terra nos municípios de Eunápolis, Canavieiras, Belmonte, Guaratinga, Itabela, Itagimirim, Itapebi, Mascote, Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália.No ano passado, foram ocupadas diversas áreas dessa empresa e os trabalhadores rurais pressionam para transformá-las em assentamentos.



    fonte: MST