ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

terça-feira, 25 de junho de 2013

Fortalecer e impulsionar as lutas! Contra a repressão do governo Wagner!



Jovens nas ruas, primeiro ao milhares, depois dezenas de milhares, logo chegando à impressionante marca de mais de 1 milhão na última quinta, quando 102 cidades brasileiras tornaram-se palco de manifestações. Nas últimas duas semanas, não foi a seleção e a Copa das Confederações, mas  a juventude brasileira que deu um verdadeiro espetáculo. O espetáculo das ruas tomadas que sacudiu o país, transformando indignação em ação, desafiando a dura repressão dos policiais militares e questionando os governos. Os dias que vivemos no Brasil são resultado de uma política econômica voltada para atender aos interesses de uma minoria formada por banqueiros, especuladores e latifundiários em detrimento da maioria da população. O Brasil dos modernos estádios da Copa investe menos de 5% do PIB em educação e menos de 3% na saúde. O Brasil que tem a sexta maior economia do mundo ocupa apenas o 85º lugar no ranking do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) e, justamente por isso, a razão pela qual as ruas estão sendo ocupadas vai muito além  do agora revogado aumento das passagens. As injustiças sociais de um país tão rico e ao mesmo tempo tão desigual são o combustível que alimenta a luta.
Na Bahia não é diferente. Wagner aplica em nosso estado a mesma política econômica do governo federal e após 7 de anos de governo as contradições entre o crescimento econômico e os indicadores sociais impressiona. A Bahia é o 6º estado mais rico do país, porém somos campeões em analfabetismo, a região metropolitana de Salvador tem a maior taxa de desemprego (19,7%), o número de homicídios aumentou 300%, e o tratamento dado aos serviços públicos também vai de mal a pior. Como não lembrar dos 115 dias de greve dos professores ano passado? Também não dá pra esquecer o golpe dado no Planserv em 2011 e tantos outros ataques aos funcionários públicos. A Bahia também foi tomada por mobilizações durante a última semana. Atos ocorreram em várias cidades do interior e em Salvador ocorreram três grandes manifestações. Infelizmente a reação de Wagner nos fez lembrar os tempos do Carlismo. A policia militar reprimiu violentamente os atos, disparando balas de borracha e bombas contra os manifestantes. Foi o governo do PT, e não os jovens que estavam na manifestação, que transformou as ruas da capital numa zona de guerra, uma guerra contra o povo, uma violência a serviço da defesa dos interesses do empresariado.
Em todo o mundo, em especial na Europa e no Oriente Médio, jovens e trabalhadores tem ido às ruas protestar, enfrentar os governos, lutar por suas vidas. Acompanhamos a heroica luta do povo Sírio contra o Ditador Bashar Al Assad e também as greves gerais e os grandes atos no continente europeu, onde os governos e a burguesia estão jogando nos ombros da classe trabalhadora os ônus da crise econômica em forma de desemprego e retirada de direitos. Aqui no Brasil, a inflação crescente tem contribuído para minar a sensação de bem-estar que existia na população, desmontando a imagem do “Brasil Maravilha” que o governo Dilma tanto propagandeia. É possível ver, tanto no preço dos alimentos cada vez mais altos quanto na precarização dos serviços públicos, que as condições de vida para a classe trabalhadora brasileira caminham no sentido oposto do que aparece nas propagandas do governo. A saída para mudar essa situação é apenas uma: a política. Não a política dos engravatados de Brasília, mas a política da luta direta, do povo nas ruas, das manifestações. Essa política que nos últimos dias tomou conta das ruas, dos noticiários da TV, dos corações e mentes de mais e mais pessoas.
Assim como foi em 92 com os caras pintadas e o Fora Collor, a juventude mais uma vez tem cumprido um importante papel mostrando para todos que o caminho é a luta. Uma luta determinada que não se dobra à frente repressão policial e tampouco se deu por satisfeita com a vitória na revogação do aumento das tarifas. A força do movimento colocou contra a parede primeiro as prefeituras e governos estaduais, depois o próprio governo federal. O primeiro pronunciamento oficial de Dilma não ofereceu nenhuma medida concreta, e a resposta no dia seguinte foi a continuidade das mobilizações. O novo pronunciamento revela mais uma vez o caráter do governo que tem proposto medidas que favorecem o setor privado, como é o caso das isenções de impostos para as empresas de transporte e da continuidade dos leilões do petróleo com a desculpa de que uma pequena parte (royalties) vai ser destinada à educação.  O PT, outrora forjado nas lutas, foi de malas e bagagens para o time da burguesia, aplica a mesma política econômica que a sua oposição direita (PSDB-DEM) aplicava, e tem feito a alegria da burguesia brasileira e do imperialismo à custa de uma exploração cada vez maior da classe trabalhadora.
Por conta dessa traição, julgamos ser honesto o sentimento de descrença nos partidos, porém o caminho seguido pelo PT não deve justificar a negação dos partidos. Os gritos de “fora partido”, as agressões físicas aos militantes, são fruto da ação de grupos de direita infiltrados que não refletem a totalidade do movimento. Essas ações devem ser repudiadas e esses grupos não são os aliados que a juventude precisa. Uma aliança verdadeira deve ser firmada com a classe trabalhadora e suas organizações e métodos de luta. A esquerda que não mudou de lado como fez o PT, que se manteve fiel aos princípios do classismo e da estratégia revolucionária, deve continuar levantando as bandeiras vermelhas, engrossando as fileiras da luta. É esse o papel que tem assumido o PSTU. Nos inúmeros atos ocorridos não foram poucos os nossos militantes que foram agredidos pelos fascistas e  provocadores infiltrados nas mobilizações. Porém, nos mantivemos firmes participando dos atos, impulsionando a luta e focando sempre nos verdadeiros inimigos: os governos e os patrões.
Essa semana que se inicia será decisiva para o futuro do movimento. Faz-se necessária a entrada em cena da classe trabalhadora. É urgente combinar a vivacidade e o dinamismo da juventude ao papel estratégico dos trabalhadores. Precisamos que as ruas sejam tomadas também por operários, metalúrgicos, bancários, funcionários públicos, professores, todos os setores da classe e em especial aqueles que protagonizaram grandes lutas no período recente. Para isso, as centrais sindicais não podem fugir das suas responsabilidades. A CSP-Conlutas está convocando para o dia 27/06 um dia nacional de mobilização, com paralisações e atos unificados. Na Bahia, a CTB, que é a maior central do estado, precisa definir de qual lado pretende ficar. O governo Wagner tem sido um verdadeiro carrasco dos trabalhadores, em especial com o funcionalismo estadual. É hora de, através da FETRAB, convocar esses trabalhadores para irem às ruas contra esse governo. O mesmo vale para a construção civil onde as empreiteiras têm ganhado fortunas com a Copa e os operários seguem com salários arrochados e jornadas de trabalho extenuantes. Um governo que ataca os direitos dos trabalhadores, que direciona a riqueza do estado para o bolso dos empresários e não para melhoria dos serviços públicos; um governo que criminaliza as greves e usa da polícia para reprimir violentamente as manifestações não pode ser, de modo algum, aliado dos trabalhadores. Chamamos a CTB para que rompa com esse governo e aposte todas as suas fichas na força que a classe trabalhadora em luta possui. O 02 de Julho que se avizinha deve ser transformado num dia de luta contra as injustiças sociais e também contra o governo de Wagner, que traiu as expectativas dos trabalhadores e continuou, assim como fazia o Carlismo, governando a Bahia para os ricos.
Por fim, mais uma vez declaramos todo nosso apoio e compromisso com as lutas em curso. Os atos devem continuar e esse movimento precisa crescer. Chamamos os sindicatos, os movimentos sociais, as centrais sindicais, as entidades estudantis, as organizações e partidos de esquerda para engrossarem as mobilizações. Nenhuma confiança nos governos e menos ainda nos setores da direita, em especial aqueles que nos atos agridem fisicamente os militantes e mandam baixar as bandeiras vermelhas. Vamos colocar em prática a aliança operário-estudantil, organizar a luta, parar o país e retirar das mãos da burguesia e do governo o controle sobre o destino de nossas vidas.

-Todo apoio às mobilizações!

-27 de junho: dia nacional de luta com paralisações, greves e atos nas ruas!

- Pelo Fim do Setps! Municipalização do transporte coletivo!

- Aumento dos salários para compensar a inflação!

- Congelamento dos preços dos alimentos e das tarifas públicas!

- Contra a repressão, a violência policial, a criminalização das lutas e das organizações dos trabalhadores.

Salvador
24 de junho de 2013
Direção Estadual do PSTU - Bahia

segunda-feira, 24 de junho de 2013

Durante ato em Salvador, uma militante do PSTU é agredida por "apartidários"



Ana Paula Medeiros e Isa Gonçalves, de Salvador.

Na última segunda-feira, 17 de junho, a juventude se levantou em um ato nacional em solidariedade ao movimento contra o aumento das passagens em São Paulo, Rio e outras capitais. Atos nas grandes capitais marcaram esta segunda e Salvador não ficou de fora. Fomos às ruas reivindicar nossos direitos e solidarizar com a juventude que tem lutado em todo o país.
Havia cerca de 10 mil manifestantes nas ruas de Salvador. Uma linda multidão fez um belo ato em um dos pontos centrais da cidade (Avenida Tancredo Neves), levando seus cartazes, suas bandeiras e flores. Porém, nem tudo foram flores e “pacifismo”... Nessa manifestação, tiveram alguns acontecimentos que devem ser trazidos para que o movimento reflita sobre as práticas que vêm sendo reproduzidas por alguns manifestantes. Acontecimentos esses que não diminuem o significado de ver a juventude e a classe trabalhadora nas ruas lutando por melhores condições de vida.
Ontem, nossa militância foi obrigada a retirar suas bandeiras do ato e tivemos uma de nossas bandeiras rasgada, após ter sido retirada violentamente das mãos de uma das nossas militantes. Nossa companheira foi agredida por um soco e arranhão por estar levantando a bandeira de um partido socialista e revolucionário, que está presente em todas as lutas favoráveis aos trabalhadores e à juventude, o PSTU.
Essa atitude foi extremamente machista e autoritária e não devemos permitir que se repita nas próximas manifestações. Nossas companheiras se sentiram acuadas e vulneráveis a serem violentadas por alguém que, como nós, deveria concentrar suas forças na luta por mudanças na sociedade, e não em agredir  mulheres que  simplesmente possuem uma opinião diferente sobre organizar-se ou não em um partido. Além disso, existiram no ato “palavras de ordem” de cunho homofóbico, onde traziam elementos do tipo: “fulano de tal, vá tomar no...”, “enfia a bandeira no...”. Esses camaradas podem até pensar que tais palavras de ordem podem ofender a ordem ou o sistema, porém não os ofende, mas sim companheiros e companheiras que estão se somando nas manifestações, que acabam se enfraquecendo com a continuidade dessas práticas.
É preciso ter claro que esses elementos de opressão e apartidarismo só interessam àqueles que nos oprimem e exploram. Não dá para colocar todas as organizações partidárias no mesmo bolo do PT, PMDB, PSDB e DEM e nem para reproduzir práticas que são oriundas da ideologia burguesa como o machismo, racismo, homofobia, que só existem para dividir a classe trabalhadora.
A postura daqueles que são contra os partidos reflete dois aspectos. Por um lado é fruto do desgaste com os grandes partidos tradicionais, oriundo de sua atuação contrária aos interesses da maioria da população. Isso ocorre em diversos lugares do mundo, mas peguemos o exemplo do Brasil: o PT foi capaz de mover milhares, influenciar milhões, fazer sonhar e lutar toda uma geração, mas à medida em que foi trocando de lado, começou a gerar uma profunda decepção com o próprio PT, mas também com os partidos de uma maneira geral, pois este era o que expressava o sentimento de mudança e foi construído no calor das maiores mobilizações da história do nosso país, protagonizadas pela juventude, mas em especial pela classe trabalhadora.
No entanto, o outro lado da moeda dessa ideologia anti-partidária é a incompreensão acerca das finalidades de cada organização. Percebemos que muitas vezes é incentivado, pela própria mídia burguesa, o desgosto pela política! O discurso do “eles são todos iguais” é comumente utilizado, amplamente difundido. Acontece que as coisas não são exatamente assim. Existem partidos que apostam na mobilização das massas como estratégia e no incentivo a sua organização permanente como única forma de construir uma sociedade onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, ou seja, uma sociedade socialista, parafraseando Rosa Luxemburgo.
A nossa luta é todo dia contra qualquer tipo de exploração e opressão.
Devemos, portanto, saber identificar os nossos inimigos que nesse caso é o sistema capitalista, que divide a classe trabalhadora e a juventude, com ideologias de machismo, racismo e homofobia e coloca nossa classe mais sujeita a exploração dos capitalistas. Esses são os nossos inimigos, bem como o Estado que serve aos interesses dessa classe. Estamos em um momento único e unificar as forças torna-se imperativo.
É preciso se organizar para fortalecer um projeto político de transformação social, para que sejamos capazes de enfrentar os poderosíssimos adversários que o presente e o futuro nos reserva.  O movimento deve rechaçar práticas de racismo, de machismo e homofobia e permitir que a classe trabalhadora, formada também por mulheres, negros, negras, lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, transgêneros e travestis possa se sentir segura ao participar do ato e estar lado a lado lutando pelas transformações que essa sociedade tanto necessita.
Sempre estivemos nas ruas em manifestações diversas, contra os aumentos abusivos nos preços das passagens, em ocupações populares, greves, ao lado de comunidades e povos tradicionais. A luta em conjunto com os movimentos sociais, o enfrentamento político e ideológico com a burguesia, essa é a nossa razão de ser.  Como jovens, herdamos de nossos pais o futuro da humanidade e justamente por isso carregamos sobre nossos ombros a responsabilidade de revolucionar o mundo!

sábado, 22 de junho de 2013

Soteropolitanos vão às ruas, e mais uma cena de repressão se repete


Cerca de 30 mil pessoas participam da manifestação pacífica em Salvador, recebidos com grande repressão pela Polícia Militar
Jéssica Souza, de Salvador.
            Nesta quinta-feira, dia 20, as ruas de Salvador foram tomadas pelos soteropolitanos que se somaram à luta nacional iniciada há algumas semanas. Os atos aconteceram em mais de cem cidades brasileiras com milhares de pessoas protestando em solidariedade às lutas da população de São Paulo e do Rio de Janeiro contra o aumento das passagens, contestando a precariedade do sistema de transportes da cidade e cantando palavras de ordem como: “Da copa eu abro mão, eu quero investimento pra saúde e educação”, contra os investimentos abusivos nos grandes eventos esportivos sediados no Brasil.
            Pouco antes das 14 horas, o Campo Grande, local de concentração do ato, já estava completamente tomada por milhares de pessoas, cerca de 30 mil, com seus cartazes e palavras de ordem, chamando a todos que passavam nos ônibus e pelas ruas a se somarem à “luta dos brasileiros” na manifestação pacífica. Com a presença de movimentos sociais, partidos políticos, famílias, estudantes e trabalhadores, o ato se iniciou antes das 16 horas.
            Próximo do Forte São Pedro, a maior parte dos manifestantes seguiram o percurso definido em última assembleia do movimento e se direcionaram à Arena Fonte Nova, pelo Politeama. Contudo, uma parte dos manifestantes se direcionou à Avenida Sete de Setembro, com o mesmo objetivo de chegar à Arena Fonte Nova.
            Já eram quase 17 horas quando o ato chegou ao Largo dos Barris, na entrada do Dique do Tororó, que dá acesso à Arena Fonte Nova. Havia uma barreira montada da Polícia Militar, Tropa de Choque e Cavalaria, com o intuito de impedir o prosseguimento do ato e manter a normalidade em torno do estádio de futebol, onde estava acontecendo o jogo entre Uruguai e Nigéria.
            Em menos de 5 minutos em que os manifestantes se aproximaram do bloqueio e tentaram ultrapassá-lo, foram lançadas as primeiras bombas de gás lacrimogênio com o objetivo de dispersar e desfazer o ato. Foram esses primeiros estouros das bombas de efeito moral que deram inicio às cenas mais bárbaras dos últimos anos em Salvador.
            A polícia militar, a serviço do governador Jaques Wagner (PT)  e do Prefeito ACM Neto (DEM) recebeu os soteropolitanos com bombas, spray de pimenta e tiros. Uma prática truculenta já conhecida pela população pela era Carlista que a Bahia viveu. Com menos de trinta minutos de conflitos, já eram vistas centenas de pessoas passando mal, desacordadas, com falta de ar e muito sangue nas ruas.
            Em poucos metros de distância, a PM já havia entrado em conflito com os manifestantes que se direcionaram por outra via ao estádio, na Avenida Joana Angélica. Lá os manifestantes encontraram também uma barreira policial que impedia o prosseguimento da manifestação. Assim também, em menos de 10 minutos se iniciou a repressão militar. A avenida que é tomada pelo comércio e tem poucas vias de saída se tornou uma praça de guerra devido a ação truculenta da PM.
            A partir desse momento, o conflito entre os manifestantes e a PM durou cerca de 8 horas. Por volta das 21 horas já existiam conflitos em mais de 7 lugares da cidade com intensa repressão policial, com 4 ônibus incendiados e um estado de “ Campo de Guerra”, segundo relatos de manifestantes. O conflito terminou pouco depois das 00 horas com centenas de feridos e suspeita de mortes.

            É necessário localizar que, logo no início do ato, a coluna dos partidos de esquerda já era atacada com palavras de ordem  “Sem Partido”, e assim prosseguiu no ato com a incessante tentativa de nos retirar da mobilização. Posicionamentos ofensivos e posturas truculentas foram direcionados ao nosso partido e aos nossos militantes, constantemente provocados ao longo da manifestação.
            Já iniciada a ação criminosa da PM, com centenas de feridos em diversos pontos da cidade, o bloco do PSTU, que estava próximo ao Largo dos Barris, sofreu ainda diversos ataques ofensivos  e perseguições de grupos que propagavam o ódio anti-partido, beirando ao confronto físico.
            Nós do PSTU consideramos criminosa a ação da PM na noite de ontem, ao mesmo tempo em que consideramos absurdos os ataques ao nosso partido em Salvador e em diversas outras cidades no Brasil.

            Vitórias já foram obtidas em diversas cidades do país. A luta não para e não recuaremos diante das agressões sofridas. Já houveram os que derramaram seu sangue em defesa das bandeiras vermelhas. Lutemos juntos: jovens e trabalhadores. Iremos às ruas contra a direita e os governos.

terça-feira, 18 de junho de 2013

Ato pelo Passe Livre reúne 10 mil pessoas em Salvador



Henrique Saldanha, de Salvador

Nesta segunda-feira, dia 17 de junho, milhares de pessoas tomaram uma das principais avenidas de Salvador no ato nacional pelo Passe Livre. Logo cedo na concentração o ato já dava sinais de que seria grandioso. Milhares de jovens chegaram muito antes do horário marcado e se reuniam para conversar, discutir as pautas, os motivos que os levavam até ali.
No sábado, 15/06, após a reunião preparatória do ato, cerca de mil pessoas saíram às ruas da região do centro de Salvador e foram em ato até a estação da Lapa, cantando palavras de ordem na defesa de um sistema de transporte público, gratuito e de qualidade. O ato dessa segunda-feira foi uma clara expressão de que a população de Salvador não suporta mais o caos nos serviços como transporte, saúde e educação.

Quando o ato dessa segunda saiu da concentração já era possível ver que se tratava de um ato de milhares. Durante um momento o ato tomou quase toda a Avenida Tancredo Neves, centro financeiro da capital Baiana. Segundo a PM o ato reuniu cerca de 10 mil ativistas. Os milhares de ativistas levavam diversos cartazes com dizeres que iam da luta do transporte, reivindicando redução da tarifa, tarifa zero, mais ônibus, conclusão e ampliação das obras do metrô. As pautas levadas para a rua retratavam o caos que a cidade vive no transporte, que só tem piorado nos últimos dias por conta das modificações realizadas para atender às demandas da FIFA. Hoje milhares de Soteropolitanos gastam cerca de 5 horas no trânsito para se deslocar de casa para o trabalho ou estudo.
Mas não eram apenas as bandeiras do transporte que estavam no ato. A indignação que toma todo o país chegou a Salvador e a juventude tem se levantado para questionar as injustiças sociais na cidade. A falta de verbas para saúde e educação foram elementos destacados nos cartazes, que questionavam a prioridade do governo com a copa, enquanto os direitos sociais são negados constantemente na cidade e no Estado. 

A militância do PSTU esteve presente no ato defendendo a unidade dos lutadores para lutar contra o caos no transporte que vive a cidade hoje. Parte das pautas que o partido levou para as ruas foi a defesa da municipalização do transporte público da cidade, o fim do SETEPS (Sindicato patronal das empresas de ônibus que controla o transporte coletivo da cidade) e a defesa do passe livre para estudantes e desempregados.

Na próxima quinta-feira (20/06) acontecerá mais um ato que promete reunir ainda mais pessoas, unificando as dezenas de pautas que têm mobilizado milhares nos últimos dias. O ato sairá da Praça do Campo Grande (14hs) em direção à Arena Fonte Nova, palco dos jogos da copa das confederações.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

Manifestações dividem espaço com a Copa das Confederações. Os ventos da primavera começam a soprar no Brasil.





Jean Montezuma, de Salvador.

Nos últimos dias a tão celebrada e aguardada Copa das Confederações, ensaio geral da Copa do mundo, tem tido o seu espaço na grande mídia dividido com outro acontecimento de grandes proporções. A juventude brasileira voltou às ruas, ocupou as avenidas das grandes cidades brasileiras, desafiou os governos e não se dobrou nem mesmo frente a dura repressão dos batalhões de choques das policias militares.
A última quinta, dia 13, foi sacudida por atos em 7 capitais do país. No Rio e em São Paulo, nossas duas maiores cidades, foram 10 mil nas ruas enfrentando a polícia e gritando em uma só voz “Contra o aumento das tarifas!” “Não é por centavos, e sim por direitos!”. O tamanho dos protestos, a determinação dos jovens ativistas, a resistência frente a repressão policial, tudo isso nos fez lembrar as imagens que nos últimos anos temos acompanhado nos noticiários quando mostram os grandes atos na Espanha, Portugal, Egito, ou Turquia. A magnitude das manifestações rompeu o bloqueio da mídia e atraiu atenção do país.
Já neste sábado, dia 15, foi a vez de Brasília e Salvador se levantarem. Na capital federal uma enorme manifestação furou os bloqueios policiais e antes de ser duramente reprimida chegou bem em frente ao estádio Mané Garrincha, onde a seleção brasileira jogaria contra o Japão na estreia da Copa das Confederações. Quais eram as reivindicações? Uma garota segurava um cartaz que dizia ”Copa da Corrupção!” e outra erguia um com o questionamento “Quando o seu filho ficar doente você vai levar ele no estádio?” A questão não é o futebol, mais uma vez, o que esta em jogo são nossos direitos.
Em Salvador uma passeata em solidariedade as manifestações ocorridas em São Paulo e no Rio levou cerca de 400 jovens as ruas e terminou com um ato que interditou por cerca de uma hora a estação da Lapa, maior da cidade, que esta nos planos de privatização da prefeitura de ACM Neto (DEM).
Após o ano de 2012 onde vimos a eclosão da maior greve da história das Universidades brasileiras seria injusto dizer que a juventude não vem lutando e resistindo como pode aos ataques. Porém, o que vimos essa semana foi o sentimento de indignação contra mais essa injustiça social explodir transformando-se em ação, em gente na rua, e em proporções multitudinárias! Em geral os governos menosprezam a força dos movimentos sociais, costumeiramente debocham e dizem que não passam de uma minoria, mas, por trás da aparência impávida de Alkimim, Cabral e Haddad, existe uma clara preocupação com a força das mobilizações e principalmente com o sentimento de apoio e solidariedade que a população tem demonstrado.
Em meio às inúmeras cenas uma imagem em especial chamou atenção. Um jovem segurava um cartaz com uma mensagem simples, porém direta, que dizia “Nós saímos do Facebook.”.
Prefeituras e governos brasileiros, craques na venda de direitos.
A fórmula nefasta é sempre a mesma. Durante as eleições os donos das empresas de transportes financiam as campanhas de prefeitos e vereadores. Após as eleições esse “investimento” é retribuído em forma de renovação de contratos e principalmente aumento das tarifas. Isso acontece porque o sistema de transporte público no Brasil foi entregue a iniciativa privada e essa privatização, tão defendida pelo PT-DEM-PSDB-PMDB, trouxe a precarização dos serviços e um aumento progressivo e injustificado das tarifas.
Começou com Porto Alegre, depois veio Natal, agora no Rio e em São Paulo. Os aumentos das tarifas, nos marcos dos péssimos serviços prestados, são uma afronta a população e não podem ser vistos de outra forma senão como ataques aos direitos da juventude e dos trabalhadores. Os governos brasileiros se tornaram craques na arte de vender os direitos do povo para encher os bolsos de meia dúzia de banqueiros e empresários.
A verdade é que nesses 10 anos de PT, ao contrário do que muitos esperavam, essa lógica foi ainda mais reforçada. Um exemplo disso foram os recentes leilões de nossas reservas de petróleo e a privatização dos portos e aeroportos. Recentemente foi aprovado o estatuto da juventude, um grave ataque aos direitos dos jovens brasileiros. O estatuto aprovado, que infelizmente teve o entusiástico apoio da UNE, entre outras coisas restringe o direito a meia-entrada em cinemas, teatros, shows e eventos culturais a 40%. Num país onde o acesso a cultura já é quase que absolutamente privatizado e por conta disso distante da ampla maioria dos jovens, o governo Dilma restringe ainda mais esse acesso para satisfazer os interesses do empresariado que lucra alto transformando cultura em negocio.
Desculpem os transtornos, estamos mudando o país.
“Um bando de baderneiros! Uma minoria que desrespeita a ordem e vai ás ruas promover o vandalismo e desafiar a policia”. Os governos e seus parceiros da grande mídia tentaram mais uma vez taxar o movimento com esse tipo de rótulo reacionário e grosseiro. Em uma enquete no seu programa Brasil Urgente José Luiz Datena, famoso por suas posições reacionárias, tentou sem sucesso mostrar como o povo esta contra o que ele chamou de “protestos com badernas”. Para a sua surpresa, 2179 pessoas disseram sim e apenas 915 se deixaram levar pela sua demagogia. A verdade é que além da dura batalha nas ruas o movimento tem enfrentado em paralelo uma outra batalha, também difícil,  e que se dá no terreno da consciência dos trabalhadores e da população que tem acompanhado as mobilizações.
A ação truculenta da PM que não poupou balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio nem mesmo para a imprensa que fazia a cobertura dos atos tornou difícil a tarefa dos governos de isolar do apoio popular as manifestações. No primeiro momento muitos diziam “tá bem, eu até concordo com a causa, mas quebrar ônibus, viaturas e agredir policiais já virou vandalismo”. Depois da última quinta a maré virou e até mesmo a poderosa Rede globo foi obrigada a veicular as bárbaras imagens das ações policiais e reconhecer a repressão.
A equipe do jornal Opinião Socialista e do portal do PSTU foi alvejada pelas balas e bombas da PM, uma jornalista da Folha de São Paulo levou um tiro de bala de borracha na altura dos olhos e corre o risco de perder a visão, um vídeo exibido no Jornal Nacional mostra o momento em que um PM quebra os vidros de uma viatura para forjar o tal vandalismo dos manifestantes. Todos esses exemplos combinados despertaram a solidariedade da opinião pública e deixaram os governos e o alto comando das policias militares maus lençóis.
Em busca de mais corações e mentes.
De fora do Brasil manifestações de apoio as mobilizações são enviadas de países como a Turquia, Espanha e Estados Unidos. A solidariedade internacional vinda dessas regiões deve ser vista como um estímulo importante para as nossas lutas pois mesmo se enfrentando duramente com o seu governo os jovens turcos, por exemplo, não deixaram de se comover com a violenta repressão sofrida pelos atos brasileiros enviaram mensagens de solidariedade. Isso acontece, porque mesmo em continentes diferentes os governos do Brasil e Turquia, podemos estender para Espanha, Portugal, Síria e Estado Unidos possuem em comum a disposição para fazer de tudo para evitar que o povo mobilizado assuma as rédeas do seu destino.
Nos próximos dias novos atos estão marcados em diversas capitais do Brasil. É preciso defender e apoiar as mobilizações, é possível e necessário transformamos os milhares da semana passada em milhões. A juventude brasileira mais uma vez tem cumprido um papel importante ao escancarar as contradições de nossa sociedade. Um país que tem a sexta maior economia do mundo segue profundamente desigual e enquanto os donos das empreiteiras, os banqueiros, especuladores e a burguesia brasileira fazem a festa e se divertem com a Copa das Confederações a grande maioria tem sofrido com os ataques cada vez mais graves a direitos como a saúde, educação e transporte.
É hora dos trabalhadores através dos sindicatos e das centrais sindicais se somarem a essa luta. Em Salvador, os rodoviários que há meses estão em campanha salarial se enfrentando com a intransigência da patronal aprovaram greve geral para terça dia 18 e o ato dos estudantes já manifestou seu apoio a essa luta. Devemos multiplicar esse exemplo, por todo Brasil será fundamental a entrada em cena de outros setores dos movimentos sociais, é hora de colocarmos na mesma barricada estudantes, rodoviários, metroviários, ativistas do movimento sem teto e dos atingidos pela Copa, além do mais amplo setor da classe trabalhadora para derrotar mais esse ataque orquestrado por governos e empresariado.
Contra o aumento das passagens!
Todo apoio e solidariedade as lutas da juventude brasileira!
Libertação imediata dos presos políticos!
Auditoria já nas contas das empresas de transporte público!
Passe livre estudantil já!
Pela estatização do transporte público!