quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Governo Wagner. A mão que afaga os ricos é a mesma que reprime os trabalhadores.


Declaração da direção estadual do PSTU.

 
Terça-feira, 10 de setembro, ainda estávamos nas primeiras horas da manhã quando o MST-BA realizava mais um ato em defesa da reforma agrária e contra a violência no campo. Como parte da manifestação, foi deliberada a ocupação da Secretaria de Segurança pública que tem sido omissa na investigação dos casos de homicídios de ativistas como Fábio Santos Silva, dirigente do MST morto com 15 tiros próximo a cidade de Iguaí no interior do estado. A mesma secretaria que legitima a prisão de manifestantes em atos como o do último 07 de setembro (ao todo 50 prisões) fecha os olhos para os assassinatos de ativistas que lutam pela reforma agrária em todo o interior da Bahia.

Foi aí que um fato inusitado e absurdo ocorreu. O Subsecretário Ary Pereira sacou uma arma e disparou três tiros contra os manifestantes no que foi segundo o próprio “uma ação defensiva com o objetivo de evitar violência e preservar a integridade dos servidores”. De tão absurdo o fato virou noticia e tornou-se manchete dos principais veículos de comunicação do Brasil. Para complementar o circo dos horrores o Secretário de Segurança Pública Maurício Barbosa e o próprio governador Jaques Wagner/PT foram a público defender a atitude do subsecretário. Em entrevista à uma rádio baiana Wagner disse “As pessoas não podem confundir a democracia com baderna” e completou “Daqui a pouco um integrante do movimento ia estar sentado, só me faltava essa, na cadeira do secretário”.

A mão que afaga os ricos...


Na mesma entrevista em que defendeu o seu funcionário Wagner se fez de desentendido ao dizer que “não houve motivo nenhum para que as pessoas tivessem tentado fazer um ato daquela natureza.” Tal declaração é um retrato do enorme abismo que há entre o PT e as reivindicações dos movimentos sociais e dos anseios do conjunto da classe trabalhadora. Eleito sucessivamente em 2006 e 2010 graças aos votos de milhões de trabalhadores Wagner optou por governar para um punhado de latifundiários, oligarcas e empresários. Para esta minoria privilegiada os 7 anos de PT na Bahia tem proporcionando altos lucros e largos sorrisos estampados em suas caras de pau.

O entusiasticamente celebrado crescimento econômico do estado esta longe de proporcionar uma melhora nos indicadores sociais. A política econômica de Wagner é pautada por um desenvolvimento nos marcos de uma entrega das riquezas do estado ao setor privado. Wagner loteou a Bahia ao empresariado e o reflexo disso pode-se perceber na privatização das estradas e no avanço do controle das multinacionais em setores como a mineração, a agropecuária e o setor petroquímico e automotivo.

O outro lado da moeda são os indicadores sociais. A Bahia é líder nacional de rankings nada honrosos como analfabetismo, déficit de moradias, violência e desemprego. É como se existissem duas Bahias; uma é a dos ricos e das propagandas do governo, a outra é a Bahia real, cada vez mais desigual e com a grande maioria da população vendo suas condições de vida descendo ladeira abaixo.

...é a mesma que reprime os trabalhadores


Os anos de chumbo do Carlismo ainda proporcionam um frio na espinha de quem viveu sob o regime do Coronel ACM. Porém infelizmente, de 2007 pra cá a Bahia ganhou um novo “cabeça branca” dessa vez chamado Jaques Wagner que incorporou ao seu governo o mesmo repertório carlista no trato com os movimentos sociais.

Ainda em 2007, nos primeiros meses de governo, mandou prender dirigentes da APLB( sindicato dos professores da educação básica), daí por diante seguiu com as portas do gabinete da governadoria fechadas para o diálogo com os trabalhadores, mesma orientação adotada pela Assembleia legislativa que não fez outra coisa senão referendar os inúmeros ataques de Wagner ao funcionalismo. No ano passado diante das greves da PM e dos professores da rede estadual Wagner foi implacável. Recusou diálogo , rejeitou as propostas dos movimentos e impôs por meio da força o final de ambas as greves.

No caso da PM contou com o apoio de Dilma que mandou para a Bahia destacamentos do exército e da força nacional de segurança; já em relação a greve da educação o governador petista impôs 5 meses de salários cortados, contratou professores substitutos, demitiu lideranças, e uma série de outras iniciativas todas voltadas para derrotar o movimento.

O desempenho do governo petista no “enfrentamento” aos movimentos sociais faria o nada saudoso ACM sentir inveja. O PT que nos anos 80 forjou-se nas lutas dos trabalhadores que derrubaram a então moribunda Ditadura já não existe mais. Talvez exista apenas na lembrança dos milhares de ativistas honestos que participaram de sua fundaram e viveram os seus primeiros anos. Na prática a dura realidade nos mostra que o PT de hoje governa para os ricos e com os ricos, aliou-se aos figurões da direita tradicional como Sarney, Renan e até Maluf, e aqui na Bahia se juntou aos ilustres “ex-carlistas” Otto Alencar e César Borges. Por isso agora dá aos movimentos sociais o mesmo tratamento dado outrora por governos como o de FHC e ACM.

É por isso que Wagner apoiou a atitude do Subsecretário Ary Pereira. Wagner e o PT agem conforme a mesma lógica de seus aliados burgueses, a lógica que diz que vale tudo para preservar a ordem. Vale prender manifestante, vale marchar com a cavalaria da PM sobre manifestação em defesa do passe livre, vale entrar com viaturas nos bairros populares e assassinar jovens negros, vale cortar salários, criminalizar greves, perseguir lideranças grevistas, e vale até mesmo, porquê não?, disparar na direção de integrantes do MST que foram até a Secretaria de segurança pública reivindicar investigação e punição aos responsáveis pela violência no campo.

A postura de Wagner diante desse caso em nada nos surpreende. Mais do que isso, trata-se de mais um triste exemplo de um governo que transformou os sonhos de mudança de milhões de trabalhadores em pesadelo. A militância petista que ainda hoje reproduz a ideia do governo em disputa se calou mais uma vez. As centrais também nada disseram, CUT e CTB, as duas maiores centrais do estado fizeram fervorosa campanha para Wagner e a cada luta que eclode esforçam-se para evitar que se choquem com o governo. Diante de mais essa traição, de mais esse atestado inequívoco de um governo que voltou as costas para os trabalhadores devem essas Centrais decidir se estão com os trabalhadores ou seguirão com Wagner.

Nos solidarizamos com os ativistas do MST e os inúmeros outros lutadores do campo e da cidade que se enfrentam com a criminalização. Exigimos de Wagner a imediata exoneração de Ary Pereira e também do secretário Maurício Barbosa gestor de uma política de segurança pública que tem produzido um verdadeiro genocídio ao povo negro e pobre da Bahia. Exigimos também celeridade na investigação e prisão dos responsáveis pelos assassinatos de ativistas do campo como Fábio Silva.

Abaixo a criminalização dos movimentos sociais!
Exoneração imediata de Ary Pereira e Maurício Barbosa!
Investigação e prisão dos responsáveis pelos assassinatos dos lutadores do campo!
Expropriação dos latifúndios sem indenização aos latifundiários!
Por uma reforma agrária controlada pelos trabalhadores!


Direção Estadual do PSTU.
Salvador, 12 de setembro de 2012.


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