ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Saúde da mulher: Só o Outubro Rosa não basta.


Aruska Almeida.

Outubro está se despedindo e com ele se encerra uma importante campanha travada em diversos países pela saúde da mulher: O outubro rosa. Este movimento surgido nos Estados Unidos na última década do século XX, reunia diversas ações isoladas nos seus estados contra o câncer de mama. Estas ações pretendiam gerar uma conscientização maior da população feminina acerca da prevenção e riscos da doença, estimulando os métodos para o diagnóstico precoce da doença, o que aumenta consideravelmente as chances de cura.
Os métodos de sensibilização envolviam enfeitar os locais públicos das cidades com laços rosas, promover desfiles e uma série de atividades que chamassem a atenção das pessoas para o tema. A iluminação rosa de monumentos e locais que chamam atenção nas cidades é considerada a marca de que a campanha é global e pode ser entendida em todos os lugares do mundo.
No Brasil, também são realizadas ações pela campanha, que envolvem desde as medidas tradicionais até mutirões de mamografia. Apesar de importante iniciativa, esta ação de maneira isolada não resolve o problema da saúde da mulher, que está longe de ser algo para tratar em um único mês do ano.

Após 10 anos de PT, a saúde da mulher melhorou?

A saúde pública está completamente sucateada e isso já não é novidade. Uma das muitas pautas históricas que as lutas de junho reviveram foi a da saúde pública, gratuita e de qualidade. Algumas medidas como o programa Mais Médicos são propagandeadas pelo governo como grandes resoluções para um problema que só se arrasta gestão após gestão. O PT vem fazendo história ao seguir fielmente o programa e as políticas outrora aplicadas pelos Tucanos e pelo DEM. A saúde pública e as mulheres que dependem dela são as maiores prejudicadas.
O cenário não é nada bonito, o contraste entre a realidade de um lado e as propagandas do governo de outro é gritante, a saúde da mulher não logrou melhora qualitativa virando uma questão ainda mais delicada. Ao precisar de atendimento diferenciado e específico, as dificuldades no acesso aos serviços adequados e resolutivos fazem com que muitas mulheres padeçam de doenças que poderiam ser evitadas e curadas, se tratadas a tempo. Muitas sequer conhecem os riscos aos quais estão submetidas, excluídas de quaisquer campanha de prevenção ou tratamento de certas doenças. Para elas, só restam as intermináveis filas que as levarão para os corredores de hospitais cada vez mais cheios e menos preparados.
O SUS não está preparado para atender todas as demandas que as mulheres apresentam. Apesar de haver discussões sobre o tema da mulher por parte dos profissionais, pouco se avança em termos de melhoria geral do atendimento, visto que falta infraestrutura e investimentos na saúde pública.
Quando se é mulher e lésbica, a situação torna-se mais trágica. Não existe nenhuma orientação específica aos profissionais acerca do atendimento diferenciado para estas mulheres nem condições para o mesmo. Isso ocorre principalmente pela invisibilidade da sexualidade feminina, ainda muito forte. As mulheres lésbicas sofrem as consequências da opressão em todos os âmbitos de sua vida e nos locais de saúde, a situação não muda. São constrangidas e submetidas a situações que as deixam desconfortáveis, pois não existe uma preocupação de formar profissionais que compreendam a homossexualidade e as incorporem no tratamento que dispensam a estas mulheres.
A situação das mulheres negras também é bastante cruel. As mulheres brancas e as mulheres negras apresentam diferenças consideráveis em termos de saúde, tanto no acesso quanto no próprio atendimento. Submetidas à ideologia nefasta do machismo e racismo ao longo de toda sua história, veem sua sexualidade e saúde sempre como algo que não lhes pertence. Antes de nascer, já recebem o título de “parideiras” e o direito ao seu corpo, roubado. São elas as mais expostas às doenças sexualmente transmissíveis e as que mais encontram dificuldades para acessar os serviços mais básicos de saúde. As mulheres negras são as mais vulneráveis aos estupros, ao diabetes mellitus, hipertensão e anemia falciforme; o maior público nas unidades do SUS são de mulheres, sobretudo negras; são elas que conformam a maior parte da população que sofre com os problemas estruturais do SUS,
Ao invés de aumentar os investimentos na saúde, que promoveriam mudanças reais na realidade das mulheres brasileiras, o governo prefere apoiar-se em programas como o Rede Cegonha e o Estatuto do nascituro (apelidado pelo movimento feminista de Bolsa Estupro), verdadeiros ataques aos direitos conquistados pela luta histórica do movimento feminista, e que criminaliza as mulheres tornando o aborto um crime hediondo e retirando o direito ao aborto legal em caso de estupro e risco de morte, ao mesmo tempo em que dá ao estuprador direitos sobre a criança que nasceria decorrente do estupro, reafirmando a ideia de que somos seres meramente reprodutoras, escolhendo isso ou não.
Seria cômico se não fosse trágico que essa realidade seja mantida pelo governo de um partido que em seu passado levantava bandeiras como a da legalização do aborto e teve sua militância envolvida com as mulheres trabalhadoras. A realidade é que a saúde da mulher não melhorou no governo de uma mulher. Ao passo em que Dilma vem entregando as riquezas do país de mão beijada ao Imperialismo e aplicando a cartilha neoliberal que aprendeu com FHC e Lula, a presidenta mostra de que lado está. As mulheres trabalhadoras continuam a padecer sem acesso algum a um sistema de saúde digno. O mínimo é negado todos os dias a nós trabalhadoras por um governo que, ao invés de explorar as riquezas naturais do país como o pré-sal e revertê-las para saúde e educação, as entrega de mão beijada para o capital estrangeiro, como o caso do leilão do campo de Libra.

É preciso lutar por um programa para as mulheres trabalhadoras

Iniciativas como o outubro rosa são importantes pois reacendem debates fundamentais na sociedade, como um alerta aos riscos a que estamos submetidas e a necessidade da prevenção. Contudo, se perdem enquanto ações isoladas, pois devem fazer parte de um processo maior de conscientização, a de que é necessário uma reformulação total do programa de saúde brasileiro e mundial, que esteja a serviço da necessidade dos trabalhadores e por eles controlado.
O quadro da saúde da mulher hoje assusta e nos coloca um questionamento: como no governo de uma mulher a situação das trabalhadoras só piora? A resposta pode ser encontrada em todos os discursos que a presidenta vem dando nos meios de comunicação e nas políticas que tem aplicado: ela governa para os ricos, para os empresários da saúde que lucram de maneira absurda em cima da calamidade social.
É preciso tomar para nós trabalhadoras a tarefa de enfrentar este governo que não é nosso e que em nada nos beneficia. Que tem criminalizado e enfrentado de maneira truculenta as lutadoras e lutadores de junho que vão às ruas para construir um futuro melhor, mais digno e mais saudável para os trabalhadores e a juventude.
É preciso lutar por outubros rosas que durem todo o ano. Por uma saúde digna, pública e de qualidade para as mulheres e homens trabalhadores. Por um mundo em que nosso corpo seja respeitado e onde a escolha sobre ele seja nossa. É preciso lutar por um mundo verdadeiramente saudável, um mundo socialista.



terça-feira, 15 de outubro de 2013

15 de outubro, dia do professor: Nada há comemorar, muita luta por fazer.



Jean Montezuma, Salvador/BA.

Há 10 dias uma imagem circulou pelas redes sociais e chamou atenção. Um policial segurava um cassetete quebrado e dizia na legenda: “ Foi mal fessor!”. A repulsa e indignação de milhares foi imediata. A atitude desse PM carioca, além de demonstrar o sórdido estado de uma instituição falida e degenerada serve também, como uma infeliz metáfora do tratamento cotidiano concedido pelo Estado brasileiro a educação.

Seja no momento de greve como é o caso da heroica greve dos professores cariocas ou a greve de 118 dias da educação baiana em 2012, seja no cotidiano das escolas sucateadas onde falta material didático, falta merenda, faltam professores... enfim, onde a falta de investimento é gritante; o “modus operandi” dos governos municipais, estaduais, e também o federal é o da violência contra a educação pública.


O canto da Sereia.

Há cada 2 anos, durante as eleições, os scrippts dos candidatos em campanha são os mesmos. Todos anunciam uma fórmula que mudará “pra valer” a vida de todos. Em todas essas receitas milagrosas a educação aparece como um ingrediente importante e os candidatos em campanha dizem: “ o caminho do Brasil passa pela educação!”. Nos prometem: “ Mais escolas! Mais creches! Mais Universidades!” e nos caberia apenas ter a dedicação para, aproveitando dessas oportunidades, “melhorar” nossas vidas e, como gosta de dizer a presidente Dilma, ajudar a “mudar o Brasil”.

Em troca de tudo isso os políticos nos pedem muito pouco, “apenas” o nosso voto na urna. A verdade é que inúmeras gerações de cariocas, baianos, brasileiros e brasileiras foram vítimas desse verdadeiro canto da sereia. A ideologia de que a educação sozinha mudará o Brasil é tão falsa quanto os lobos em pele de cordeiro que a vende. O Brasil é um país extremamente desigual. No DNA dessa desigualdade, na cadeia de seus cromossomos, podemos identificar não apenas os políticos e seus governos mas também a hipócrita democracia dos ricos, o próprio Estado e o sistema capitalista.

Educação no Rio, na Bahia e no Brasil: Um paciente em estado terminal.

Quando professores decidem coletivamente ir a greve o fazem não por uma decisão arbitrária mas sim por ver na greve a última saída para defesa da sua profissão e da educação como um todo. Dentre todas as profissões que exigem ensino superior a de educador é de longe a mais desvalorizada. Enquanto cortam recursos da educação os governos impõem que o professor assuma o papel missionário de “salvador” da educação. Nas palavras da professora e vereadora em Natal Amanda Gurgel “ estou nos colocando dentro da sala de aula com um giz na mão pra 'salvar' o Brasil!”

O Brasil, dono da 6 maior economia do mundo, convive com indicadores sociais típicos dos mais empobrecidos países do planeta. Segundo dados do IBGE o analfabetismo voltou a crescer no ano passado e atinge 13,2 milhões de brasileiros( 8,7% da população). Se contarmos o analfabetismo funcional os números sobem para 33 milhões, ou seja, 18% da população brasileira não consegue nem ao menos interpretar/compreender aquilo que lê!

No ensino médio a taxa de evasão no país chega a 50% e quanto a privatização, instalada em todos os níveis educacionais, no caso do ensino superior nos deparamos com o cenário onde 75% das vagas ofertadas estão na rede privada. Chama atenção o exemplo de São Paulo, o mais rico estado da federação, onde do total de vagas ofertadas no ensino superior apenas 13% são em instituições públicas.
10 anos de governo do PT no Brasil: Um triste espetáculo de sonhos despedaçados.

Que governos como os de Paes e Cabral no Rio, Alckimim em São Paulo, Rosalba no Rio Grande do Norte ou, o de ACM Neto em Salvador são inimigos da educação pública todos nós já sabemos. Os partidos da direita brasileira tradicional (PMDB-DEM-PSDB-PSB) representam os interesses daqueles que mantém seus privilégios ás custas do sacrifício da maioria da população. A burguesia brasileira em parceria com o imperialismo não mede esforços para fazer todo tipo de negócio que lhes rendam lucros, incluindo aí o desmonte da educação pública.

Porém, infelizmente o que se viu nos últimos 10 anos de governos petistas foi a manutenção dessa mesma lógica. Lula e agora Dilma, Wagner na Bahia, Haddad em São Paulo e Tarso no Rio Grande do Sul despedaçaram os sonhos de milhões de trabalhadores. A educação sob esses governos permanece como um paciente terminal abandonado nos corredores do SUS sem receber nenhum tipo de tratamento digno. Em 10 anos o investimento em educação saiu de 3% do PIB na era FHC para 5,1% . Um aumento de 2% em 10 anos! Os 10% do PIB prometidos em 2002 foram novamente prometidos apenas para 2023!

Quem luta por educação também diz não ao leilão.

Desgraçadamente no Brasil, descaso, sucateamento e privatização não são “privilégios” da educação e se reproduzem também na saúde, no transportes e demais áreas sociais. Com a descoberta do Pré-sal os trabalhadores e os movimentos sociais foram tomados por uma esperança de que com esses recursos do petróleo os investimentos, tão necessários, finalmente viriam.

Na campanha de 2010 Dilma alimentou essa esperança. A então candidata fez duras críticas as privatizações tucanas da era FHC, exaltou o papel da Petrobras, prometeu que usaria os recursos do Pré-sal pra acabar com a fome e promover uma profunda transformação na saúde e na educação.

Passados 3 anos da campanha Dilma esta prestes a promover um dos maiores ataques a soberania nacional de toda nossa história. O leilão dos poços de petróleo da bacia de Libra marcado para o próximo dia 21 será a maior operação de entrega de recursos brasileiros para as mãos da iniciativa privada nacional e estrangeira. No dia 21 de outubro ao leiloar os poços da bacia de Libra, maior reserva de petróleo pronto para exploração do mundo, Dilma e o PT estarão leiloando também a educação, a saúde, e o futuro das próximas gerações de brasileiros.

O 15 de outubro desse ano terá atos em diversas cidades brasileiras em defesa da educação, em apoio a greve dos professores cariocas e também contra o leilão de Libra. Nesse 15 de outubro educadores, professoras e professores, que pouco ou nada tem há comemorar irão as ruas junto com outros trabalhadores e estudantes dizer não ao leilão de Libra. Vamos mais uma vez tomar conta das ruas e avenidas brasileiras pra defender a educação, a saúde, pra lutar agora por um futuro cada vez mais ameaçado.