terça-feira, 13 de maio de 2014

Lutamos ainda hoje por uma verdadeira liberdade!

Caroline Sales e Jean Montezuma.
Secretaria de negras e negros Salvador.

13 de maio de 1888, há 126 anos a princesa Isabel assinava a lei Áurea e entrava para história como autora do gesto benevolente que libertou milhões de negros e negras do tormento da escravidão. Essa história que nos é contada nos livros, é a história que a elite branca forjou para tentar invisibilizar a luta que os negros e negras travavam contra o julgo da escravidão, uma luta que naquela altura, fins do século XIX, já havia lançado o sistema escravocrata brasileiro numa profunda crise.

Foram os negros, e não a princesa Isabel representante da elite monárquica, os protagonistas da luta contra escravidão. Centenas de milhares que se aquilombaram, que resistiram, que sofreram com os açoites dos capitães do mato. Por isso até hoje o movimento negro celebra o 20 de novembro, não o 13 de maio, como verdadeira data símbolo da luta negra. Luta que segue mais atual do que nunca contra o racismo que corrói como um câncer a nossa sociedade vitimando diariamente negros e negras seja pelas balas da policia e dos grupos de extermínio, seja pelo abandono por parte do Estado e dos governantes.

Após 11 anos de governo do PT os dias melhores tão prometidos não vieram. No governo federal o partido dos trabalhadores manteve a mesma orientação política do PSDB/DEM e outros partidos da direita tradicional. A política econômica continua a serviço dos banqueiros e mega empresários, investimentos em saúde, educação, transporte e moradia passam longe de ser prioridade. A política de segurança pública privilegia a compra de armas, blindados, construção de presídios, uma verdadeira guerra que todos os dias deixa suas “baixas” nas periferias das grandes cidades brasileiras.

Na Bahia não é diferente, segundo dados do Ipea, em 2013 ocupamos o sétimo lugar entre os Estados com mais homicídios de negros. Para cada 100 mortes por armas de fogo no estado, 39 são negros e 10 são brancos. Na educação também somos os que mais sofremos com a falta de investimento, em 2010, segundo o IBGE, 16,6% da população baiana é analfabeta, dentre essas 17,8% são negros, 17,1% são pardos e 14,3% são brancos.

Em 2013 fomos as ruas pedindo mais investimento na educação, saúde, transporte publico ao invés dos gastos excessivo com a copa. Infelizmente a resposta do governo Wagner/PT é de que não tem dinheiro, em 4 anos, por exemplo, investiu apenas 133 milhões no setor de ensino. Em contra partida os investimentos público na copa seguem altíssimo, a arena Fonte Nova recebeu 323 milhões em financiamento da união. Além dos altíssimos gastos com a copa, em detrimento da saúde, educação e transporte, o governo vem implementando de forma ainda mais dura a faxina étnica, com a implementação das UPPs nas comunidades.

Diante dessa realidade o que era esperança transformou-se em indignação. Essa indignação tem levado a explosões de ódio contra a repressão. De vários cantos do país, todos os dias, a cada novo jovem negro assassinado a periferia se levanta e grita Basta!

A elite brasileira, sócia menor do imperialismo, necessita do racismo para manutenção dos seus privilégios e do seu modo de vida bancado as custas da super exploração do povo. De forma hipócrita dissimulam seu racismo por trás da cortina de fumaça do mito da democracia racial, gritam bem alto “somos todos iguais” e logo após fecham os olhos para a faxina étnica orquestrada pelos governos que tem como alvo os jovens negros da periferia. Jovens como Douglas, trabalhadores como Amarildo e Cláudia, símbolos de uma realidade que precisa ser revolucionada.

Nesse 13 de maio o PSTU reafirma que a verdadeira liberdade não será concedida de bom grado por aqueles que nos oprimem e exploram. A verdadeira liberdade só pode ser conquistada através da luta. Esse é o grande exemplo que nos deram Zumbi, Dandara, e tantos outros mártires da luta negra no Brasil. Tão certo como o verso da canção que diz “ negro é a raiz da liberdade” acreditamos que mais uma vez repousa sobre os ombros das negras e negros o destino da revolução brasileira.

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