terça-feira, 16 de junho de 2015

Servidores municipais de Camaçari (BA) dão uma lição de luta



Monique Carneiro, Enfermeira de Camaçari, ativista da CSP Conlutas e do Movimento Mulheres em Luta - MML.
Os Servidores Públicos Municipais da Prefeitura de Camaçari realizaram uma heróica greve que durou 28 dias. Enfrentaram em todo esse tempo a intransigência e o descaso do atual Prefeito Ademar Delgado, que é do PT e apoiado pela direção do sindicato dos servidores e também pelo PCdoB. O prefeito se negou a atender a esmagadora maioria das justas reivindicações destes trabalhadores durante as rodadas de negociação.
A ausência de diálogo e a proposta de reajuste irrisório mostraram de forma cristalina que a prefeitura de Camaçari está seguindo a risca a mesma política de ajuste fiscal praticada pela presidente Dilma e pelo Governador Rui Costa, que querem jogar sobre os ombros dos trabalhadores e da maioria do nosso povo o peso da crise econômica.
Infelizmente, os servidores em greve tiveram que enfrentar também a inoperancia, vacilos e traições da diretoria do seu sindicato (SINDSEC), que a todo momento buscava esvaziar, enfraquecer e encerrar a greve, com o objetivo de proteger o prefeito, desrespeitando a vontade da maioria da categoria.
Mas, com a força do movimento, que veio da base dos servidores, foi possível passar por cima da diretoria atual do sindicato e realizar uma linda greve, que evidenciou para toda a população o descaso com que a prefeitura do PT trata os seus trabalhadores.
Uma greve feita pela base, praticamente sem estrutura garantida pela direção governista do Sindicato, mas que teve força para colocar a Prefeitura contra a parede.
A greve dos servidores dividiu a Câmara de Vereadores, derrotando por duas vezes a manobra do Prefeito e de sua bancada governista de votar o índice de reajuste por cima da negociação em curso com os representantes dos servidores, eleitos em aasembleia.
Na manhã desta segunda, dia 15 de junho, às escondidas, infelizmente a maioria dos Vereadores acabaram votando a proposta de reajuste encaminhada pela Prefeitura. Com essa atitude, traíram nossa confiança ao não cumprir o acordo feito a nós servidores, de que não votariam o reajuste à revelia da categoria e que aguardariam até dia 15 a tarde, após uma tomada de posição dos trabalhadores.
A prefeitura ameaçou inclusive cortar o ponto dos trabalhadores em greve, sempre se utilizando da pressão, do assédio moral e da criminalizava do movimento para tentar acabar com a greve, a toso momento tentando jogar a população contra a greve a partir de panfletos distribuídos durante o período. Em uma das assembleias, vimos um esquema de carros da prefeitura trazendo servidores, a maioria com cargos comissionados, para tentar aprovar o fim da greve. Um absurdo! Felizmente firam derrotados mais uma vez pela unidade da categoria. Todas essas manobras da prefeitura do PT foram realizadas em comum acordo com o Presidente do Sindicato, o Sinval Cerqueira.
Mesmo com todas as dificuldades, o movimento obteve uma vitória parcial, fruto somente da luta dos servidores, pois nada foi entregue de graça pela Prefeitura, ou muito menos conseguido pela direção pelega do nosso sindicato.
O reajuste de 6,41%, retroativo a janeiro desse ano, a equiparação do vale refeição e transporte com os professores, o não desconto do salário dos dias parados na greve, entre outras conquistas, foram consequência direta da nossa luta.
DEPOIS DA FORÇA DA NOSSA GREVE, CONSTRUIR UMA OPOSIÇÃO UNIFICADA PARA DERRUBAR SINVAL E A DIREÇÃO PELEGA DO SINDICATO
A greve só foi possível pela força e unidade da categoria e pelo existência do Movimento SOS Servidor, que organizou e garantiu a mobilização diante da verdadeira omissão da atual diretoria do sindicato.
A partir da força do Movimento SOS Servidor é necessário construir, ampliar e fortalecer um movimento unificado e democrático de oposição à atual diretoria e às posturas traidoras de Sinval e companhia.
Um movimento que realize reuniões abertas, convidando todos os servidores para se engajarem na luta em defesa dos nossos direitos e para mudar de vez o nosso sindicato.
Para que em futuras campanhas salariais e lutas da categoria tenhamos força, para que seja eleito pela base da categoria um comando de greve e uma comissão de negociação, para evitar que fiquemos novamente reféns das manipulações e manobras de Sinval e da atual diretoria da entidade e da falta de assistência e apoio de nossa entidade.
Parabéns a heróica greve dos servidores e ao Movimento SOS Servidor. Vamos seguir e ampliar nossa organização para obter vitórias e recuperar nosso sindicato como uma ferramenta de luta.

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