ACM Neto: o que as pesquisas não dizem, a realidade nos conta

No “reino” do prefeito “Netinho” Salvador é vendida como a cidade do turismo, como diz o ditado popular, pra “inglês vêr”

Governador Rui Costa (PT): caviar para a classe média e os turistas, lata de sardinha para os trabalhadores

O governador do PT declara que é preciso criar linhas especiais para atender um setor da classe média que não se sente atraída pelo transporte coletivo de Salvador.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Administrações do PT em Camaçari se afundam em escândalos de corrupção

Enquanto isso, os serviços públicos vivem uma grave crise

|Professor Carlos Nascimento, Presidente do PSTU Camaçari/BA

Seguindo os tristes exemplos de figuras nacionais do PT e do Governo Dilma,  envolvidas em escândalos de corrupção, que estão sendo investigados especialmente nas obras da Petrobrás, as administrações do PT na Prefeitura de Camaçari também estão metidas em um verdadeiro "mar de lama".

Depois do Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) condenar a direção do Projeto "Cidade do Saber" por um desvio de verbas que superou 7 milhões de reais, agora o mesmo TCM rejeitou as contas do último ano de mandato do ex-prefeito petista e atual deputado federal, Luiz Caetano.

Nas eleições do ano que vem, Caetano quer voltar a Prefeitura de Camaçari, mas já foi multado pelo escândalo na Cidade do Saber e agora foi condenado a devolver uma grande quantia aos cofres públicos - 4,5 milhões de reais. Ele ainda vai recorrer da sentença, mas estes escândalos de corrupção são mais uma demonstração que o PT passou a governar da mesma forma que os partidos da velha direita, como DEM, PSDB e PMDB.

Na atual prefeitura assistimos a um caos nos serviços públicos. Na saúde, os postos de atendimento sofrem com falta de materiais, e os profissionais tem dificuldade inclusive de garantir os exames de mamografia da campanha do Outubro Rosa.

Na educação, os professores estão precisando retomar as mobilizações e paralisações, porque a prefeitura vem descumprindo acordos salarias com a categoria.

Nem o atual prefeito Ademar nem Caetano, ambos do PT, ou Elinaldo e Tude, dos partidos da velha direita, são alternativas de mudança para o nosso povo. Afinal, todos de alguma forma já administraram Camaçari e nada fizeram para melhorar a vida dos trabalhadores, da juventude e da maioria da população. É necessário construirmos uma alternativa verdadeiramente da classe trabalhadora, a partir das nossas próprias mobilizações, realmente de esquerda e socialista, que supere o fracasso das administrações petistas, mas que combata com a mesma força os partidos da velha direita, que querem voltar para a Prefeitura. Uma alternativa que, entre outras propostas, defenda a prisão e o confisco dos bens de todos os corruptos e corruptores e, da mesma forma, a perda dos mandatos de todos os políticos comprovadamente envolvidos em corrupção.

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Metalúrgicos e professores unificam manifestação em Camaçari



|Por Matheus Quadros, bancário e militante do PSTU Camaçari

A manhã desta terça-feira, 20/10, foi marcada por um importante ato em Camaçari que reuniu diversos trabalhadores e trabalhadoras do complexo Ford e também professores e professoras do município.

A mobilização metalúrgica é uma reação ao indicativo da empresa de demissão de cerca de 1500 trabalhadores. Já os professores cobravam o cumprimento do acordo firmado ao fim da campanha salarial e exigiam que não fossem repassados à educação municipal os efeitos da crise econômica.

Ambas as categorias escolheram o dia de hoje para lançar a mobilização pois o presidente da Ford visitou a cidade, juntamente com o governador petista Rui Costa, para o lançamento de um programa de estágios.

Um momento muito bonito marcou a manifestação, quando a passeata dos professores se aproximou, juntos metalúrgicos e docentes cantaram palavras de ordem, demonstrando o sentimento da necessidade de uma atuação conjunta entre as mais diversas categorias contra a política nacional de ajuste fiscal e contra as demissões.


A CSP Conlutas esteve presente com bancários em greve, professores e metalúrgicos. O professor Carlos Nascimento, representando a CSP CONLUTAS convocou a unidade entre as categorias, afirmando que "só uma greve geral poderá impor uma derrota ao ajuste fiscal".


Nós acreditamos que o ato de hoje é um exemplo que podemos unir forças contra os ataques do governo, contra o ajuste fiscal e contra os ataques aos direitos e empregos dos trabalhadores. É também um exemplo da disposição que trabalhadores e trabalhadoras tem para lutar e alcançar conquistas importantes.

O governador pressionado pela mobilização já indicou que ajudará nas negociações, mas a empresa ainda não se manifestou. Por isso, acreditamos que é importante que a diretoria do sindicato, em conjunto com as outras centrais e categorias proponha um calendário de mobilizações e que juntos possamos impor essa derrota ao projeto de cortes de emprego na Ford, assim como ao ajuste fiscal do governo Dilma, do governo Rui Costa e em especial aos ataques impostos pela prefeitura de Ademar em Camaçari.

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

Polêmica: a conjuntura nacional e as tarefas da esquerda socialista



Durante a heroica greve da Universidade Federal da Bahia (UFBA), se estabeleceram importantes discussões sobre a conjuntura nacional e as tarefas da classe trabalhadora e da esquerda socialista na complexa situação por que passa o nosso país.

Muitas discussões políticas importantes ocorreram nas reuniões do Comando de Greve e nas Assembleias Gerais de Professores e Estudantes.

O Blog PSTU Bahia reproduz uma dessas importantes discussões polêmicas entre os professores da UFBA: CARLOS ZACARIAS (História) e LUIZ FIGUEIRAS (Economia).

Ambos são críticos ferrenhos dos governos de Lula e de Dilma e, da mesma forma, da oposição burguesa da velha direita. Zacarias é militante do PSTU e Filgueiras um destacado aliado da esquerda socialista.

Mas, essa coincidência política não significa que eles concordem em todos os aspectos da análise da situação e da conjuntura e nem sobre todos os caminhos que devem ser adotados pela esquerda socialista.

Os dois primeiros artigos publicados, se referem as polêmicas nas discussão que levaram os professores da UFBA rejeitarem, em assembleia, a participação nas manifestações organizadas principalmente pela CUT., MST, UNE e a CTB, no dia 20 de agosto.

E, continuam, nos últimos artigos, discutindo o real significado da Marcha Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, convocada pela CSP Conlutas e as entidades e movimentos que participam do Espaço de Unidade de Ação, realizada no dia 18 de setembro, em São Paulo.

O “pano de fundo” das polêmicas são a crise econômica que vive o nosso país e a crise política por que passa o governo Dilma; e a postura que a esquerda socialista deve ter em relação a este governo de conciliação de classes.

Boa leitura!

TEXTOS DO PROFESSOR FILGUEIRAS -

TEXTOS DO PROFESSOR ZACARIAS -

domingo, 18 de outubro de 2015

Analisando essa cadeia hereditária: o índice de desemprego entre jovens

|Por Priscila Costa, da Juventude do PSTU Bahia

Aquela máxima baiana do “não tá fácil pra ninguém” nunca foi tão verdade nesses tempos de crise. No início do mês passado recebi a notícia de que o grupo de pesquisa que fazia parte iria sofrer corte orçamentário e, por consequência, perderia a minha bolsa de estágio. Notícia dura e triste.

Outubro pra mim começa com uma ansiedade louca atrás de vagas de estágio e a angústia imensa que oscila num íntere de: por um lado, economizar e fazer milagre com o pouco dinheiro que se tem e, por outro, aquela preocupação de saber que no próximo mês não vai ter dinheiro na conta. Isso poderia ser um desabafo sobre minhas dificuldades pessoais, mas a situação ganha um outro patamar quando sei que esse drama não é só meu.

Tem o pai da vizinha que foi demitido, a amiga que também perdeu o estágio, o irmão que foi demitido e – com as reformas nos direitos trabalhistas – não teve acesso ao seguro desemprego, dezenas de colegas formados que não conseguiram entrar no mercado de trabalho. E o que não faltam são exemplos. É todo dia um que vem daqui e dali.

Nenhum desses casos são isolados. Nenhum deles é por incompetência, falta de vontade de trabalhar ou coisa do tipo. Todos esses casos ganham forma quando olhamos os números. E os dados são pesados. Segundo o relatório que a própria OIT (Organização Internacional do Trabalho) publicou nesse mês de outubro, o desemprego entre jovens no Brasil esse ano deve superar a média internacional. Estima-se que o aumento da taxa de desemprego para aqueles brasileiros entre 14 e 24 anos deve atingir um número superior a 15,5%, enquanto a previsão internacional é de 13,1%. [1]

Uma das últimas pesquisas do IBGE, no primeiro semestre desse ano, já mostrava como alta a taxa geral de desemprego em seis regiões metropolitanas do País (São Paulo, Rio, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre) dando um salto negativo de 6,4%. [2] Alarmantemente, entre os jovens, essa taxa foi duas vezes e meia maior, ultrapassando os 16%. [3] Em linhas gerais, esses números ainda são superficiais e certamente escondem uma série de nuâncias. Mas, ainda assim, eles apontam uma situação muito nítida: quem tá pagando pela crise que estamos vivendo é a juventude, os trabalhadores e as trabalhadoras.

Em consonância com isso, os banqueiros e grandes empresários estão lucrando como nunca. Pra completar, uma série de ataques aos nossos direitos estão sendo implementadas todos os dias pelo governo e pelo congresso. Uma pior que a outra. Para o futuro dos jovens trabalhadores brasileiros a tendência é trabalho cada vez mais precarizado. Medidas como a PL da Terceirização, que vai acabar com o concurso público, e as reformas na previdência que deixará cada vez mais distante a aposentadoria, desenham essa expectativa.

Em diálogo com o futuro incerto, a precarização também já tem reflexos no presente. Com as reformas nos direitos trabalhistas apresentadas por Dilma no final do ano passado, o acesso ao seguro desemprego endureceu ainda mais. Jovens que estão nos trabalhos de maior rotatividade – como é o caso do call center e telemarketing – são um dos setores que mais sentem e se prejudicam. Na grande parte das vezes estão no grosso dessa fila mulheres negras e LGBTs.

A conjuntura sofrida nos empurra para um caminho: lutar pra reverter essa realidade perversa. A juventude e os trabalhadores não tem mais porque confiar em nenhum desses que estão aí. Não temos mais nenhum motivo para defender um governo nos ataca e nos dá golpes todos os dias.

Precisamos dizer basta! Precisamos construir nas lutas, nas mobilizações e numa greve geral as nossas próprias alternativas. Basta de desemprego! A juventude e os trabalhadores não vão pagar pela crise! Essa conta não é nossa! Abaixo o ajuste fiscal! Basta de Dilma, Aécio, Cunha e Temer!

Referências

[2] Folha de São Paulo. In:

[3] Bahia Notícias. In:
 http://www.bahianoticias.com.br/estadao/noticia/83645-desemprego-ja-atinge-jovens-de-maior-escolaridade.html, acesso em 16 de outubro de 2015.

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

15 de outubro, dia de luta por uma educação pública de qualidade na Bahia e no Brasil

No dia do professor e da professora, é necessário chamar os educadores e as educadoras à luta contra o ajuste fiscal da presidente Dilma (PT) e do governador Rui Costa (PT), e em defesa da educação pública no Brasil e na Bahia

|Por Professor Zé Roberto, PSTU Itabuna/BA

“Começou a chamada para o ‘Educar para transformar’, um pacto pela educação. E sabe quem vai participar? Todo mundo. O desafio é melhorar o ensino público na Bahia. O governo vai trabalhar muito e com a participação das famílias, prefeitos, estudantes e professores e empresários. Sabe quem vai aprender mais e mais? Quando todos se juntam a educação melhora. Governo do Estado Bahia. Terra mãe do Brasil.” (Propaganda do governo da Bahia veiculada na TV)

Quem é estudante, professor ou funcionário das escolas públicas devem ter tomado um susto com a propaganda do governo veiculada na TV e rádio sobre a educação pública na Bahia. Nessa propaganda aparecem escolas bem cuidadas, cheias de recursos tecnológicos, alunos e professores felizes, enfim uma propaganda longe da verdadeira situação das nossas escolas. Uma realidade fictícia, como um filme de Holywood ou um sonho. Mas acalmem-se, trata-se de mais uma peça publicitária do governo Rui Costa do PT distante da realidade. É pura ilusão criada para nos enganar. Essa campanha publicitária nada tem a ver com a realidade da educação pública baiana. Esconde os professores e funcionários terceirizados, amargando meses de salários atrasados e ganhando uma miséria; não mostra as escolas sem merenda com os alunos tendo que ser liberados mais cedo; não fala da estrutura física precária dos prédios escolares e da falta de verbas para comprar materiais básicos.

O chamado “Educar para transformar: um pacto pela educação” é uma campanha midiática lançada na televisão e no rádio com o lema ‘Quando todos se juntam a educação melhora’. Nessa campanha, o governo Rui Costa, que sistematicamente corta verbas da educação e precariza o trabalho de professores e funcionários das escolas, diz, que basta que os pais de alunos, a direção e os professores se unam, que a educação pública será melhorada. É a mesma ladainha de sempre, que tenta jogar a crise da educação nas costas dos professores e das famílias, enquanto o governo prioriza os recursos públicos para os banqueiros e grandes empresas.

Ao mesmo tempo que o governo Rui Costa gasta milhões em peças publicitárias para enganar o povo, a educação pública na Bahia está jogada no caos. Na capital e no interior, as escolas se assemelham a presídios superlotados, onde os professores são obrigados a arcar com o próprio bolso materiais para utilizar em salas de aula. A maior parte das escolas não contam com bibliotecas ou sala de leituras, quadras de esporte, auditórios ou merenda. O governo diz na propaganda que o problema só será resolvido com a participação de todos no tal pacto pela educação, mas em nenhum momento fala de sua participação e de seu dever em garantir uma escola pública de qualidade. É como se o governo não existisse e as escolas não dependessem de recursos para garantir a qualidade do ensino.

Diante de toda a situação de caos na educação pública em nosso estado, que todos nós professores e estudantes conhecemos bem, a direção da APLB-Sindicato utiliza de todos os meios para impedir os professores de irem à luta contra o governo. Enquanto neste ano pipocaram greves de professores por todo o Brasil, a APLB-Sindicato utilizou de todas as manobras possíveis para impedir a mobilização dos professores na Bahia. Desde a última greve da educação básica contra o governo do PT de Wagner em 2012, que fugiu do controle dos pelegos, que essa diretoria tenta criar inúmeros obstáculos para que a categoria possa decidir sobre suas lutas. Em 2013, num congresso fajuto e ilegítimo mudou o estatuto da entidade para retirar as decisões da assembleia geral e dividir a categoria entre capital e interior, dando mais peso às regionais do interior que reúnem o menor percentual de professores. Com essa mudança impede que a categoria se unifique pra lutar de maneira conjunta, deliberando e decidindo suas ações numa assembleia geral. E a velha fórmula utilizada pelos inimigos dos trabalhadores de dividir para impedir a luta. Enquanto este ano os professores das universidades estaduais fizeram uma greve forte e vitoriosa contra o governo Rui Costa, a diretoria da APLB-Sindicato, além de impedir uma luta conjunta, jogou peso e impôs um acordo rebaixado com o governo que não garante nem a reposição da inflação. Tudo isso por que a APLB é dirigida há décadas pelo PCdoB, o cão de guarda dos governos petistas na Bahia.

É necessário construir outra ferramenta que possa organizar a luta dos professores para derrotar a traição dos pelegos da APLB-Sindicato e o governo de Rui Costa. A APLB-Sindicato e sua direção é amplamente rejeitada pela categoria dos professores pelo seu governismo e suas constantes traições e manobras para proteger os governos petistas.

O PT não mudou a lógica de fazer política em nosso estado e repete as injustiças dos governos carlistas. Se na época em que a direita governou a Bahia a educação e os serviços públicos foram duramente atacados, com os três mandatos do PT não está sendo nada diferente. Nós professores e servidores sofremos duros ataques. Fizemos greves e fomos criminalizados pelo governo Wagner, que desrespeitou a Lei do Piso Nacional do Magistério. Depois de dois mandatos de Wagner, e do primeiro ano do governo Rui Costa, a violência no estado só cresce. Os jovens negros tem 3,5 vezes mais risco de morte por violência do que os brancos. Mais mulheres são vítimas de estupro e da violência doméstica. O povo pobre vive uma guerra na periferia das cidades, a violência policial só vem aumentando. A resposta que a sociedade baiana teve foi privatização e o sucateamento dos serviços públicos de educação e saúde e o aumento da repressão policial. Com o BOPE de Rui Costa nas ruas mais chacinas como a do Cabula virão e o genocídio da juventude negra vai aumentar. É essa política de genocídio que o governo do PT quer aprofundar na Bahia.

Este ano a presidenta Dilma cortou 9 bilhões do orçamento da educação e na Bahia houve uma redução do orçamento da educação em R$ 264 milhões comparado com o ano passado. Nosso estado garante milhões em isenções fiscais as grandes empresas e empreiteiras, enquanto o povo baiano tem cada vez mais a educação pública deteriorada, com seus profissionais desvalorizados e trabalhando de maneira precária.

O dia do professor é uma data que remete a luta por uma educação pública de qualidade. Uma data que coloca para nós professores a necessidade de enfrentarmos os inimigos da educação pública que são os governos sejam do PT, DEM, PSDB, PMDB e todos os seus lacaios. Precisamos enfrentar o governo Dilma e seu ajuste fiscal que joga a crise econômica nas costas dos trabalhadores e corta as verbas da educação para continuar pagando religiosamente a dívida pública aos banqueiros com nosso suor e sacrifício. Nós professores temos força e ao lado do conjunto da classe trabalhadora de nosso estado. Temos que continuar nossa luta e nossa mobilização para conquistar uma educação pública de qualidade do tamanho de nossos sonhos.

Neste dia 15 de outubro em que se comemora-se o dia do professor, a grande mídia e os governos usarão esse dia mais uma vez para difundir suas mentiras e suas ilusões colocando o professor ora como um sacerdote, ora como um culpado pelo caos da educação. Para além de qualquer discurso corporativista é preciso dizer que nós professores somos fortes e mais do que ninguém temos muitos motivos para lutar contra os governos que atacam a educação pública e contra o sistema capitalista que joga todo o peso da crise social e econômica em nossas costas.

Os governadores e prefeitos que na campanha eleitoral falavam em priorizar a educação hoje se juntam numa cruzada para rebaixar o índice de reajuste do Piso Nacional, cortar verbas da educação e priorizar os interesses dos banqueiros e grandes empresários. A luta de nossos companheiros professores do Paraná este ano, que foram massacrados pelo governo de Beto Richa do PSDB, é um exemplo de que tanto o PT de Dilma, como o PSDB de Aécio, ou o PMDB de Cunha e Renan e este congresso de picaretas merecem o repúdio do povo e tem que ser botados para fora.

Nós professores da Bahia lutamos incansavelmente em 2012 com 115 dias de greve contra a truculência do governo de Jaques Wagner (PT) que cortou por 4 meses nossos salários e tentou nos matar de fome. Mas resistimos, apesar das 8 companheiras que morreram vítima da crueldade deste governo. Agora, o governo de Rui costa segue a mesma linha, cortando da educação para dar para os ricos. O dia 15 de outubro será um dia nacional de lutas em defesa da educação pública e de seus profissionais. Haverá atos no Brasil inteiro para denunciar os ataques de Dilma, dos governadores e prefeitos à educação pública. Os professores e trabalhadores irão às ruas para lutar contra o ajuste fiscal e contra os cortes na educação pública. São os ricos é que devem pagar pela crise.

Em Camaçari, a educação não pode pagar pela crise

No dia d@s professor@s, não temos nada a comemorar!

|Por Professor Carlos Nascimento, Presidente do PSTU Camaçari/BA

Diante do agravamento da crise econômica brasileira, com reflexos negativos já sentidos na arrecadação municipal e nos repasses de verbas federais e estaduais, a Prefeitura de Ademar Delgado (PT) já demonstra qual será sua política para enfrentar esse quadro de dificuldade: jogar o peso da crise somente sobre os ombros da maioria da população, e dos servidores públicos municipais em particular.

Até o momento não vimos nenhuma medida que acabe com as isenções fiscais municipais para as grandes empresas instaladas na Cidade, que seguem lucrando muito e pagando impostos muito baixos. E, o que é pior, essas empresas que recebem incentivos do poder público, frente a uma pequena diminuição de suas margens de lucro, que são exorbitantes, já começam a demitir uma parte significativa de seus trabalhadores e trabalhadoras. Um absurdo!

Da mesma forma, não se mexe em nada nos enormes privilégios dos políticos municipais, que recebem altos salários, tanto na Prefeitura como na Câmara dos Vereadores. De forma populista, Ademar reduziu em apenas 10% o seu salário e de seus secretários, somente até o final do ano. Mas, isso não muda nada. Quero ver esses políticos viverem um mês sequer com um salário que recebe um professor ou uma professora da nossa cidade. Isso sim, seria enfrentar os seus próprios privilégios.

E a corrupção segue desviando o dinheiro público que deveria ser investido, por exemplo, na educação e na saúde públicas.  Somente na Cidade do Saber, o Ministério Público estima um desvio de 7,5 milhões de reais, e já condenou o ex-Prefeito e atual deputado federal Luiz Caetano (PT) a pagar uma multa de dez mil reais e a atual diretora do projeto, Ana Lúcia Alves, a devolver aos cofres públicos mais 800 mil reais.

A incompetência da Prefeitura e da maioria esmagadora dos Vereadores é tanta que assistimos outro absurdo, que foi o atraso na aprovação do Plano Municipal de Educação (PME), que foi aprovado somente no fim do mês de setembro, após pressão dos próprios professores, que realizaram uma manifestação na Câmara de Vereadores.

O simples atraso da aprovação do PME, já significou que esse ano nossa Cidade ficou sem a construção de pelo menos 11 creches e várias quadras poliesportivas. O que poderia pelo menos minorar a grave situação de carência de creches públicas em Camaçari e da falta de espaços de lazer e de esporte para a nossa juventude.

Mais uma demonstração que esses políticos que sempre se revezam no poder, sejam eles do PT, PMDB, PSDB, DEM, entre outros, não estão nem aí para os graves problemas da população mais pobre e carente da nossa cidade.

E os desmandos não param por aí. No mês de outubro, às vésperas do dia que se comemora o dia dos professores e professoras, o prefeito Ademar, repetindo a mesma receita anti-trabalhador da presidente Dilma, sua aliada de partido, através de uma nota informou o descumprimento de acordos acertados no final da greve dos professores do município, como o pagamento do retroativo referente ao reajuste do auxílio alimentação, transporte e do projeto de incentivo a qualificação profissional.

Os professores já contavam com o pagamento destes retroativos, afinal eles são parte de seus direitos trabalhistas e a prefeitura tinha se comprometido com eles. Os retroativos eram uma pequena forma de minorar o arrocho salarial dos educadores da nossa cidade, que já viram seus salários serem diminuídos em 2,17%. Isso levando em conta a inflação oficial, pois na verdade, sabemos que a nossa perda é ainda maior, pois a inflação real, na conta de luz, de água, no preço da gasolina e dos alimentos, é de fato muito maior.

Por todos esses absurdos, dizemos em alto e bom som: no dia d@s professor@s nem os educadores e nem a maioria da população têm nada a comemorar! Pois a educação pública, segue sendo prioridade somente nos discursos dos políticos, mas na prática é só abandono.  Faltam escolas, creches e espaços de cultura e lazer para a maioria da população, especialmente para a juventude. E @s professor@s têm seus salários arrochados, seus direitos trabalhistas desrespeitados e ainda exercem sua profissão em condições ainda muito ruins.

Ano que vem teremos novas eleições municipais, e vamos ver os mesmos candidatos de sempre, sejam eles Caetano, Ademar, Tude ou Elinaldo, repetindo as suas promessas enganosas, que não serão cumpridas quando chegam no poder.

Para enfrentar de fato toda essa situação de descaso e desrespeito com a educação e demais áreas sociais só podemos confiar mesmo na força da organização e da mobilização dos trabalhadores e da maioria da população. É necessário manter a categoria mobilizada, pois a prefeitura seguirá nos atacando. Por isso, vamos tod@s à assembléia no dia 16.10 traçar estratégias em defesa de nossos direitos e que apontem para novas conquistas. Somente com a intensificação das nossas lutas vamos impor a eles o atendimento de nossos direitos e reivindicações.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Apropriação Cultural: racismo ou assédio capitalista?

|Por Gleide Fraga, do Blog Feminismo sem Demagogia

A questão da apropriação cultural nasce de uma perspectiva vista há algumas décadas atrás, mas pouco se debate a respeito desse assunto, porque muitas correntes pós-modernas desconsideram a origem da apropriação em si, gerando um questionamento generalista e que confunde as questões que envolvem o que seria e como se difunde a apropriação cultural.

É importante o debate acerca da valorização de uma cultura, seja ela para que valores ancestrais permaneçam, seja para que o percurso tomado pela humanidade não perca a história de um povo, seja pra que a história desse povo prevaleça como uma forte idealização de identidade cultural para os herdeiros dessa cultura.

O que poucos sabem, mas já aconteceu e ainda acontece, é que várias culturas morrem não só porque seus adereços foram banalizados; e sim porque sua história foi esquecida através do esmagamento de outras culturas que se intitulam “dominantes”.

A dominância de uma cultura se dá neste momento através dos meios de industrialização, e é assim que a cultura eurocêntrica vende e enriquece através da apropriação cultural. Inserindo modelos eurocêntricos na história de povos que foram de alguma forma, dominados pela escravidão ou pela colonização.

No mundo, houveram várias manifestações da apropriação cultural, em movimentos sociais marcados pela arte através da música, como o rock que foi criado através de uma perspectiva de manifestações pelo movimento negro, e hoje abriga inclusive, vertentes fascistas e é tido como um ritmo racista que não abre mais margem para o público negro; através da religião que foi deturpada por elementos de religiões europeias; e embranquecimento da história de povos que construíram grandes histórias e realizaram grandes feitos pelo seu povo. Um grande exemplo disso foi o povo egípcio, grandes conhecedores de engenharia, matemática, física, e inclusive medicina, cujo “pai da medicina” título atribuído por Hipócrates, na verdade é um estudo que foi copiado de Imhotep que era Egípcio. O povo egípcio construiu grandes monumentos imortalizados, e mesmo assim, há uma grande dúvida acerca de que eles realmente tinham conhecimento para construção destes monumentos, por serem negros, há uma enorme necessidade de apagamento na história de inteligência e astucia desse povo.

No Brasil, essa modalidade de apagamento da nossa cultura, religião, culinária e adereços utilizados como forma de resistência e enfrentamento nos séculos de escravidão, se dá através da indústria da moda e da mídia, que banaliza aspectos culturais afrocentrados, desfazendo as ideias do que esses adereços trazem, banalizando esses aspectos e os diminuindo à mera utilização de moda. Isso apaga debates culturais importantes na história do Brasil, debates que colaboram para o enriquecimento cultural e impulsiona uma soberania eurocêntrica, trazendo ao senso comum, a ideia equivocada de que a nossa cultura não tem nenhuma relevância histórica colaborada pelo povo negro e indígena.

Assim, enxergamos como a indústria de moda que gera uma falsa demanda de utilização de adereços culturais, influencia o impulso da banalização de uma cultura; mas como poderíamos culpar pessoas nessa apropriação? É necessário entender que uma pessoa branca por si só não tem potencial de apropriar-se de toda uma extensão cultural, apenas por utilizar turbante ou dreadlocks, é impossível que uma única pessoa gere apagamento de toda uma cultura continental ou de um povo através da utilização de um adereço. Muito se debate que uma pessoa colabora para o impulso da comercialização destes produtos como meramente adereços de moda, mas vejamos o quanto isso se torna improvável. É impossível que uma única pessoa influencie toda uma indústria a continuar produzindo produtos culturais como adereços sem importância, porque é justamente o contrário que acontece. Nós somos todos influenciados a consumir, somos máquina de produção e consumo do capitalismo, somos 99% da população mundial que produz dinheiro e consome para que os outros 1% enriqueçam em cima da nossa produção e consumo.

Desta forma, a indústria midiática, da moda, musical, influencia toda uma questão de consumo para nós pessoas normais através do senso comum nos utilizarmos de adereços de relevância cultural, como moda e comportamento passageiros.

É importante não nos esquecermos do peso racista que traz a apropriação, porque quando uma pessoa negra se utiliza de seus elementos culturais, ela é vista depreciativamente, ao passo que quando uma pessoa branca utiliza, há sempre uma perspectiva positiva com relação à atitude da mesma, fazendo com que haja higienização na utilização de adereços culturais, trazendo benefício apenas a pessoas brancas e fazendo com que pessoas negras sejam sempre preteridas por se utilizarem de sua própria cultura. A indústria trabalha esse racismo, trazendo a falta de representatividade dentro desses aspectos culturais, colocando pessoas brancas para utilizarem turbante, cantores brancos na cultura hip-hop, como uma forma de popularizar a cultura negra de forma higienizada, banalizando a cultura negra, sem os seus representantes, apagando da história dessa cultura, seus verdadeiros protagonistas.

A priori, devemos culpar socialmente o racismo que a apropriação traz como um viés de opressão contra o povo que é “dono” daqueles aspectos culturais, mas a ponto de partida mais amplo, devemos nos ater o quanto nós podemos andar em círculos na questão da apropriação cultural, culpar uma única pessoa pela utilização de um adereço, pode ser uma forma ineficiente de combater o apagamento cultural gerado única e exclusivamente pela cultura dominante.

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

PSTU/BA emite declaração sobre a conjuntura política brasileira e seus desdobramentos na Bahia

No último dia de 3 de outubro aconteceu mais uma reunião da Coordenação Estadual do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado da Bahia. E, diante da intensificação da crise econômica, política e social, com fortes desdobramentos também em nosso Estado, foi definido o conteúdo dessa declaração política.

Ao nível nacional, vimos um aprofundamento da recessão, com a previsão do próprio governo federal já apontando para um recuo do PIB nacional superior a 2% no ano de 2015, e analistas econômicos da burguesia já apontam, inclusive, uma queda ainda maior. E, o que é pior, todos já indicam um recuo em nossa economia também no ano que vem.

Em nosso país ainda estamos vivendo uma combinação, ainda mais perversa, entre a recessão e um sucessivo aumento da inflação, especialmente sobre as tarifas de água e luz, a gasolina e os produtos da cesta básica.

Já podemos assistir às consequências dessa crise sobre os trabalhadores, a juventude e a maioria do povo. Por um lado, crescem o desemprego e a carestia. Por outro, aumenta a violência policial contra a população pobre e negra das periferias das grandes cidades brasileiras, como Salvador.

Esse cenário terrível já revela que as promessas de Dilma e do seu “Ministro banqueiro” Joaquim Levy de que o ajuste fiscal teria resultados rápidos e que o país voltaria logo a crescer eram mera peça de propaganda enganosa.

Na Bahia sentimos como nunca os efeitos da crise econômica. Nos últimos 12 meses, a atividade econômica do Estado recuou 0,3% e da Capital Salvador recuou 2,9%. Também nos últimos 12 meses houve uma queda expressiva de 4,7% na produção industrial da Bahia, puxada principalmente pelo recuo na produção de petróleo (-4,8%) e seus derivados (-10,4%) e no emplacamento de automóveis novos (-9,6%). Somente em julho deste ano, a balança comercial apontou um déficit de 6 milhões de dólares, com uma queda de 11% no volume de exportações nos últimos 12 meses.

A consequência mais imediata da grave retração econômica pode ser sentida no salto significativo das demissões dos trabalhadores e trabalhadoras. Somente em julho de 2015 foram demitidos 8.207 trabalhadores e trabalhadoras, e nos últimos 12 meses esse número já atinge 44.744 empregos a menos na Bahia. Em julho desse ano, o setor que mais demitiu foi a construção civil, mandando para o desemprego 2.681 operários(as), pais e mães de família, mais de 30% do total de demissões de demissões neste mês aqui no Estado.

Infelizmente, esses números confirmam a triste posição a Bahia como “Estado campeão” do desemprego nacional, com um índice que já atingiu 12,7% e, nada mais nada menos, 18% na Região Metropolitana de Salvador. E esses números, que já são altíssimos nos dados oficiais, são na verdade muito maiores, pois as fórmulas de cálculos do desemprego são sempre rebaixadas e imprecisas.
Toda essa situação se torna ainda pior com o crescimento da inflação oficial, que em Salvador já se aproxima dos 10% nos últimos 12 meses (9,56%, segundo o IPCA; e 9,41%, segundo o IPC). E todo mundo sabe que a inflação real, na verdade, é ainda maior.

Mas nem todos estão perdendo com a crise econômica. Estamos assistindo, em meio à recessão na nossa economia, a um lucro recorde dos Bancos. Por exemplo, houve um aumento de 40% no lucro somente dos 4 maiores bancos instalados no Brasil, durante o primeiro semestre deste ano. E, mesmo com todo esse lucro “astronômico”, os bancos já demitiram mais de 7 mil trabalhadores somente este ano. 

E o agronegócio também está batendo recordes de produção. Enquanto todos os setores da economia baiana estão recuando, assistimos aqui no Estado a um crescimento, em julho de 2015, de 17,3% na produção de grãos, puxado principalmente pela produção de soja, que cresceu 40,5% só nesse mês*.

Olhando esses números incríveis, não é surpresa nenhuma que os banqueiros e os latifundiários estejam fechados com o apoio ao Governo Dilma (PT), com seus representantes diretos (Levy e Kátia Abreu) cada vez mais fortalecidos no governo do PT.

Se no governo Dilma, os banqueiros e os latifundiários estão “rindo à toa “, a situação é muito diferente para a classe trabalhadora, a juventude e a maioria do povo. Para a maioria da população, o governo do PT tem significado cada vez mais ataques aos seus direitos trabalhistas, cortes de verbas nas áreas sociais (como educação e saúde) e aumentos exorbitantes nas tarifas.

As grandes empresas e bancos pressionam o governo para ampliar o ajuste fiscal, o que vai significar mais ataques aos trabalhadores. Já está sendo preparada pelo governo, em negociação com os empresários e a direção das centrais sindicais governistas, uma nova reforma da previdência e uma nova ofensiva sobre os direitos trabalhistas, como a velha política de flexibilizar as conquistas históricas dos trabalhadores.

Os partidos da velha direita, como PSDB e DEM, de forma oportunista buscam se aproveitar da justa revolta da população contra o governo petista, para tentar se credenciar para ganhar as próximas eleições e voltar a controlar o governo federal.

Tanto o PT e seus aliados como os partidos da velha direita, como PSDB e DEM, brigam sempre pelo poder, fingindo estarem em lados opostos, mas são aliados para jogar “sobre os ombros” dos trabalhadores todo o peso da crise. Ou seja, estão sempre juntos e ao lado dos interesses dos ricos e poderosos.

Portanto, os trabalhadores não têm nenhum motivo para defender o governo Dilma e devem se organizar e se mobilizar cada vez mais para derrubar sua política econômica e o próprio governo. E, da mesma forma, não devem confiar em nenhum momento na falsa oposição do DEM e do PSDB.
A Bahia é mais uma demonstração de que, no fundamental, esses dois setores governam voltados para os interesses do grande capital. O Governo do Estado é controlado há três administrações pelo PT e a prefeitura de Salvador está agora de volta às mãos do DEM. O governador Rui Costa e o prefeito ACM Neto também sempre brigam na aparência, mas aplicam a mesma política de privatização e de ataques aos setores mais pobres e negros da população.

A saída é cada vez mais construir nas mobilizações uma nova alternativa, realmente dos trabalhadores, socialista e de esquerda, que apresente um plano alternativo para tirar nosso país da crise. Um plano que comece por apontar as verdadeiras causas da grave situação que vive a nossa economia, que são os pagamentos dos juros e amortizações da dívida pública, que já foi paga há muito tempo, e que anualmente levam praticamente metade de todo o orçamento da União, para enriquecer ainda mais os banqueiros nacionais e internacionais. Somente acabando com essa verdadeira “sangria” anual do dinheiro público para os bolsos dos banqueiros, poderemos garantir de fato, saúde, educação, empregos e moradia para os trabalhadores e a maioria da população.

Portanto, precisamos intensificar as nossas ações e mobilizações. Por isso, foi muito importante a realização da Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras, que levou mais de 15 mil à cidade de SP e, no dia seguinte, a realização do Encontro dos Lutadores e Lutadoras, que definiu um programa da classe trabalhadora contra a crise e um calendário de mobilização. A realização desses dois importantes acontecimentos se transformou em um ponto de apoio para a organização da continuidade de nossas mobilizações no próximo período. Nesse sentido, aqui no Estado, apoiamos a iniciativa da CSP Conlutas de construção de um calendário de mobilização nos Estados/Regiões, durante o mês de outubro.

Não nos interessa atrelar as nossas mobilizações nem ao governo Dilma, como fazem as direções da CUT e da CTB, nem atrelá-las à falsa oposição da velha direita, como faz a Força Sindical. Chamamos também a direção nacional do PSOL e de importantes movimentos sociais, como o MTST, a abandonarem seu bloco com as organizações que defendem o governo Dilma e unificarem as ações com a CSP Conlutas e as entidades que organizaram a Marcha do dia 18 de setembro. Se realmente defendem “uma saída pela esquerda para o Brasil”, devem construir uma alternativa realmente independente e contra esse governo do PT, que tanto ataca a nossa classe e a maioria do povo, e também contra a falsa oposição dos partidos da velha direita (PSDB / DEM).

Nas próximas semanas, a construção dessa alternativa passa centralmente por apoiar ativamente a greve dos bancários em todo o país, e aqui na Bahia também, defendendo que esse movimento seja construído no sentido de enfrentar de frente a política econômica anti-trabalhador e o governo do PT. E, da mesma forma, apoiar as mobilizações e paralisações dos petroleiros, organizados pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP), rumo a uma greve geral da categoria.

Vamos colocar “o bloco dos trabalhadores” na ruas contra o Governo de Dilma e contra os partidos da velha direita, apoiar a greve dos bancários e a luta dos petroleiros e construir fortes mobilizações no mês de outubro. Esse é o nosso desafio e o nosso compromisso!

Salvador, 3 de outubro de 2015.
Coordenação Estadual do PSTU / BA

*A maioria dos dados foram encontrados no Boletim de Conjuntura Econômica da Bahia de Agosto / 2015, produzido pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão do próprio Governo do Estado

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Reforma política antiética e antidemocrática

Por Arnaldo Freitas, ex-petista e operário de Camaçari (BA)

Hoje, um menino chamado Vitor, veio me pedir a minha bola de futebol emprestada. Ele queria jogar com os amigos dele na outra rua, pois eles não tinham bola. Por um momento hesitei, quis dizer não, mas não consegui. Automaticamente veio a minha memória meus tempos de idade daquele menino, quando queríamos uma bola pra jogar e não tínhamos. Às vezes, juntávamos dinheiro pra comprar uma. Mesmo não tendo lembrança do garoto, emprestei a bola pra ele. Mesmo sabendo que, talvez ele não me devolva. Mas, de que importa ele não me devolver. Certamente, o ser imaterial “bola” será melhor aproveitada por todos eles. Quantas vezes, queria apenas uma bola pra jogar?

Mas, por quê esse fato me chamou a atenção? Foi que logo em seguida um companheiro me enviou uma mensagem informando-me que a presidenta Dilma havia sancionado a reforma política antidemocrática e, acrescento, antiética. Nessa reforma, que além de vetar a obrigatoriedade do voto eletrônico (contribuindo assim para fraudes e fraudes eleitoreiras, principalmente em interiores do Brasil, onde impera o coronelismo), inclui a desigual distribuição do tempo de TV e Rádio para os partidos políticos. Ou seja, 90% desse tempo, será dividido entre os partidos com representação na Câmara Federal (apenas) e 10% será dividido entre todos os partidos (o “balaio” todo). O que inclui os partidos de esquerda “sufocados” e plagiados. Digo sufocados porque essa é a intenção dos “poderosos” da nação (isso inclui o PT). Digo plagiados porque até a direita resolveu copiar o slogan “oposição a favor do Brasil” (do PMDB). Se fossem a favor do Brasil, não permitiriam tamanha “barbárie”.

O que me chama a atenção, não é que o PMDB, PSDB, essa corja toda, aprove essa medida. O que me chama atenção é que o PT, que foi “vítima” desse famigerado “golpe”, concorde com isso. Golpe, esse é o nome que deveria ser dado a essa medida. E, “golpe duplo” (como dizia meu professor de história Nilton Amaral).  Porque foi aprovado pela presidenta do partido que um dia acreditei que “ia mudar o mundo” (Cazuza). Falando nisso, não me esqueço dos tempos que alimentávamos esse sonho (mudar o mundo). Não o “mudar o mundo” do banco Itaú, que a bem da verdade o mundo que realmente mudou e pra melhor, na nova ideologia de direita do PT, foram o dos banqueiros. Lembro-me de quantas vezes, fiquei na estação da Lapa, em Salvador, pra pegar o último ônibus pra ir pra casa. Pois, precisava vender todos os broches (não sei se hoje esse é o nome), camisas, adesivos e demais “parafernálias” do partido, acreditando que um dia esse país seria “igual” para todos...

Infelizmente, vi meu sonho “desabar”, antes mesmo do Lula ser eleito. Pois, os broches, camisas, adesivos deixaram de ser vendidos e passaram a ser entregues, de graça. E, como o partido iria se manter? Até hoje, nunca me responderam. A única coisa que ouvi, foi a moça que ficava no balcão da nova sede (a anterior era na Carlos Gomes, onde era mais barato), passou a ser no Politeama (onde paga até imposto para a Igreja Católica), me dizer: “não precisa se preocupar em prestar contas, está tudo certo. Quanto aos broches, camisas, adesivos pode ficar para você” (não entendi e não aceito isso até hoje). Por isso o slogan “lulinha paz e amor” (“tentei te entender, você não soube explicar, eu fiz questão de ir lá ver, não consegui enxergar” – Paralamas do Sucesso).

Lembro-me, com certa angústia hoje, que as minhas bandas favoritas cantavam canções que endossavam o “sonho”: “Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou: são trezentos picaretas com anel de doutor””. Pronto! Precisa exemplo melhor! Quantas músicas não foram censuradas e numa época que já diziam não existir censura no país. O PT também foi vítima disso. E agora, se posiciona contra o seu próprio passado histórico de lutas e de força política que construiu.

Só me resta dizer: “Parabéns coronéis, vocês venceram outra vez, o Congresso continua a serviço de vocês. “Papai quando eu crescer quero ser anão pra roubar, renunciar e voltar na próxima eleição” (Paralamas do Sucesso).

OBS.: O menino Vitor, devolveu minha bola a poucos instantes. Seria ótimo se esse Congresso "maldito" se espelhasse no exemplo dele.