sábado, 12 de dezembro de 2015

Cunha e Elinaldo, os amigos de ACM Neto


|Por Jean Montezuma, da direção estadual do PSTU/BA

É amplo entre os trabalhadores um sentimento de repulsa aos políticos tradicionais. Esse sentimento tem origem na constatação de que a “politicagem” é feita por pessoas que tem como único objetivo ter acesso ao poder e dele obter privilégios. A corrupção no Brasil promove todos os anos um desvio de dinheiro público que varia de 1 a 2% do PIB, ou seja, de 40 até 60 BILHÕES de reais.

Conscientes de toda a rejeição que os escândalos sucessivos de corrupção despertam na população, muitos políticos tentam forjar uma auto imagem de “paladinos da moral e dos bons costumes”. No âmbito nacional a direita do PSDB/DEM se esbaldou com o escândalo do mensalão e agora com a Lava-jato tenta descarregar toda fatura da corrupção no PT. Por sua vez o PT fala do mensalão tucano em São Paulo, das privatizações a preço de banana dos mandatos de FHC e vários outros exemplos. De ambos os lados a ficha a corrida é bem longa, no entanto cada lado alimenta contra o outro uma indignação seletiva com o intuito de capitalizar politicamente em proveito próprio.

Exemplo interessante é o do prefeito de Salvador, ACM Neto. Sempre que possível Neto da declarações políticas onde acusa hipocritamente o PT pela montanha de escândalos de corrupção. Porém, quando denúncias de corrupção surgiram na sua gestão tratou de fazer uma operação abafa, evitando uma apuração independente e empurrando a sujeira pra debaixo do tapete. Não satisfeito ACM Neto declarou semana passada que o foco dos parlamentares do DEM e do PSDB deve ser o impeachment da Dilma, e não o processo de cassação de Eduardo Cunha. Isso mesmo! Enquanto acompanhamos dia após dia Eduardo Cunha manobrar para evitar que o parecer que pede sua cassação seja votado, ACM Neto defende que o foco não deve ser caçar o mandato e colocar esse bandido na cadeia. ACM Neto é um #amigodeCunha.

Ontem, foi a vez de outro amigo do prefeito de Salvador protagonizar um escândalo de corrupção. O vereador de Camaçari Elinaldo Araújo, do mesmo partido de ACM Neto e pré-candidato a prefeitura de Camaçari, foi preso na câmara municipal da cidade. Após quebra de sigilo bancário e telefônico de Elinaldo o ministério público autorizou sua prisão com a acusação de formação de organização criminosa e enriquecimento ilícito da ordem de 5 milhões de reais. Sobre a prisão de Elinaldo, ACM Neto disse que se tratou de “ uma grande armação “ e que foi “uma grande injustiça contra ele”. Se voltarmos um pouco no tempo recordaremos que ACM, o avô, foi forçado a renunciar seu mandato de senador por causa de denuncias de corrupção que envolviam tráfico de influência e adulteração do painel de votação do senado.

Também não concordamos com ACM Neto quando o mesmo diz que “o PT é o partido da corrupção no Brasil”. Essa declaração é uma meia verdade, portanto também metade falsa. Sim, o PT buscou governar em aliança com a direita e se tornou também um reprodutor das suas velhas práticas, entre elas a corrupção. É uma vergonha ver a militância petista nos movimentos sociais tentando justificar o envolvimento do seu partido com o mensalão ou a lava-jato. Não há como defender o indefensável! Por outro lado os trabalhadores não podem se deixar comover nem por um segundo com a cínica indignação seletiva da direita. Não há um partido da corrupção no Brasil, nessa lama todos os grandes partidos estão envolvidos, em especial o PT, o PMDB, o DEM e o PSDB.

Isso é assim porque o próprio sistema político do Brasil favorece a perpetuação da corrupção. Políticos são eleitos após campanhas financiadas aos milhões pelas empresas. Depois nos seus mandatos beneficiam essas mesmas empresas com contratos que jogam nos seus cofres rios de dinheiro público. Evidentemente que no meio disso tudo tiram a sua parte, a famosa “comissão”, um dinheiro sujo que em geral vai parar em contas secretas em nome de laranjas, ou em paraísos fiscais como a Suíça.

Repudiemos a corrupção sem seletividade e segundas intenções! Que todos os corruptos e corruptores vão para a cadeia e seus bens sejam confiscados como forma de devolver aos cofres públicos o dinheiro desviado. Mais isso não basta, é preciso mudar o sistema político brasileiro pondo um fim no financiamento privado de campanha que alimenta a máquina da corrupção. Indo além, somente um governo dos trabalhadores independente dos patrões vai poder por um fim na corrupção. Um governo que não use do Estado como balcão de negócios dos empresários e da política como uma forma de “se dar bem”, mas sim comprometido em fazer da política um meio para mudar verdadeiramente pra melhor a vida das pessoas.

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